Audiência vale mais que a vida

O caso do rapaz que mantém como refém a ex-namorada em prédio de Santo André é mais um exemplo do mau comportamento da grande imprensa diante de fatos que têm potencial de aumentar a audiência.
Na quarta-feira, a apresentadora Sônia Abrão, do programa A tarde é sua, da Rede TV, conversou ao vivo com o seqüestrador e a vítima.
O pessoal do programa conseguiu o número do celuLar com um familiar do rapaz e foi convencido a conversar ao vivo com Sônia.
Isso tem o nome de sensacionalismo, pois não mede os riscos que tal atitude pode levar aos envolvidos no sequestro e nem se vai atrapalhar as negociações com a polícia.
Mas, não é isso o que importa. O que vale é o espetáculo, que aumenta a audiência e o valor pago pelo anunciante. O programa, que tem entre 1 e 2 pontos no Ibope, alcançou 5 pontos e ficou na vice liderança do horário. Aberta a porteira, o Jornal SPTV também veiculou entrevista com o seqüestrador.
“O jornalista deve pesar os riscos de uma intervenção em casos em que há risco de morte do envolvidos”, ensina professor Cláudio José Pereira, da PUC São Paulo. Não é assim que funciona. Quem não se lembra do comportamento da mídia no caso Nardoni?