Aumenta participação do carro importado no mercado nacional

A aplicação das licenças manuais para a importação de automóveis, além de partes e peças de veículos, deve ser aplicada para os desembarques originados de todos os países. A decisão do governo brasileiro veio num momento de participação crescente dos importados no mercado brasileiro de carros.
 
Entre os fornecedores externos de automóveis, os argentinos são hoje os maiores. No primeiro trimestre o Brasil importou US$ 2,4 bilhões em veículos de passageiros. Os argentinos ficaram com fatia de 36,2% desse valor. A Coreia do Sul é a segunda maior fornecedora externa, com 26,3%. O México vem em terceiro, com 13,9%. Novidade na lista entre os fornecedores de veículos, a China ainda tem uma participação pequena, de 4,5%, com exportações de US$ 38,9 milhões em carros ao Brasil no primeiro trimestre.
 
Com origens cada vez mais diversificadas, os veículos importados têm ganhado participação maior no mercado doméstico. O total de automóveis e comerciais leves comprados do exterior chegou a 23% dos carros licenciados no Brasil em abril. No primeiro trimestre deste ano essa participação ficou também em 23%, o que significa aumento em relação ao último trimestre do ano passado, que fechou com 22%. Os cálculos são da LCA Consultores, com base em dados da Anfavea, a associação que reúne os fabricantes de veículos. O avanço da fatia dos automóveis importados no mercado doméstico no primeiro trimestre salta aos olhos porque vai em sentido inverso à tendência da indústria geral. Levando em conta todo o setor industrial, a participação dos importados caiu de 20,2% no último trimestre de 2010 para 19,7% no acumulado de janeiro a março deste ano.
 
Douglas Uemura, economista da LCA, diz que a tendência de participação maior dos veículos importados no mercado não começou nos últimos meses. No primeiro trimestre de 2010 a penetração dos importados nos licenciamentos era de 19% e no mesmo período de 2009, de 16%.
 
Para o economista a maior fatia dos carros importados está ligada a uma mudança no gosto do consumidor. “No caso do primeiro veículo, está caindo a participação dos carros menores, 1.0, sem opcionais”, explica. “Está aumentando a fatia dos carros de maior valor agregado, um nicho muito explorado pelos veículos importados.”
 
A mudança no gosto do consumidor brasileiro, diz Uemura, é resultado do crescimento da renda e da oferta de crédito. “Há também a ajuda do câmbio, que contribui para a vinda de importados com preços muito competitivos, mesmo quando os carros oferecem opcionais.”
 
O economista lembra que há pelo menos três marcas de veículos chineses chegando com força no mercado. “Há pouco tempo foram os coreanos que ganharam maior participação. Há também uma mudança no tipo de veículo. Antes, os importados se restringiam mais aos carros de luxo.”
 
Especialistas em comércio exterior acreditam que a exportação de veículos serve como porta de entrada para a venda de partes e peças de automóveis no mercado brasileira. No primeiro trimestre os maiores fornecedores externos desses produtos, em termos de valor, foram Argentina, Alemanha e Japão, mas a Coreia e a China vêm aumentando sua participação.

Do Valor Econômico