Aumenta procura por profissionais de engenharia

Empregabilidade avança no setor, mas, nas faculdades, procura pelos cursos diminui

Apesar do cenário promissor para a economia brasileira, o setor de engenharia vive a iminência de um apagão devido à falta de profissionais para atender à forte demanda gerada por empreendimentos gigantescos nas áreas de infraestrutura, logística, química, eletrônica e automotiva.

Especialistas calculam que para manter o ritmo de expansão seria preciso que até 2013 o País formasse 65 mil profissionais ao ano, sendo que atualmente o número é metade deste contingente. Para se ter ideia, a Coréia do Sul, com um terço da nossa população, coloca no mercado 80 mil engenheiros anualmente, diz o reitor do Instituto Mauá de Tecnologia, Otávio de Mattos Silvares.

No ABC, o cenário para o campo da engenharia civil mostra-se promissor, tanto que em abril o nível de empregabilidade avançou 3% em relação a igual período do ano passado. De acordo com a diretora adjunta da regional Santo André do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), Rosana Carnevalli, a situação é preocupante porque a quantidade de universidades que oferecem o curso e a procura pela área são baixas.

“Mesmo com o setor em forte expansão, enxergamos um possível apagão no setor atribuído à falta de mão de obra especializada. Se agora faltam profissionais, quem dirá daqui a um ano e meio”, alerta. É neste período que obras relacionadas à Copa do Mundo, Olimpíada e exploração da camada pré-sal vão estar em ebulição.

Remuneração
Nos últimos anos a remuneração dos profissionais de engenharia aumentou mais de 50%, estima o SindusCon-SP. Um engenheiro júnior recebe em média R$ 4.000, enquanto os rendimentos do sênior chegam a R$ 7.000. Rosana afirma que o mercado está inflacionado, principalmente para contratar pessoas mais experientes.

“Já estamos importando profissionais da América Latina. Mesmo no País, os aposentados estão sendo convidados a assumir atividades técnicas e de gestão nas empresas”, pontua o reitor do Instituto Mauá. Silvares calcula que as escolas mais tradicionais de engenharia na região coloquem no mercado quase 1.500 formandos.

Para o professor, as principais oportunidades no Grande ABC serão em detrimento da exploração do petróleo no pré-sal pela Petrobras, na Baixada Santista, construção civil e automobilística.

Setor lidera oportunidades de estágio
Atualmente, 180 estudantes de engenharia fazem estágio em empresas do setor no Grande ABC. De acordo com o supervisor do Ciee (Centro de Integração Empresa-Escola) na região, Edson Grossi, o número representa 5% do total de estudantes que têm contratos pela entidade no Estado de São Paulo. “A área é campeã de oportunidades no Grande ABC”, destaca o supervisor.

O segmento civil oferece no Estado 85 vagas para estudantes, seguido pela mecânica com 33, engenharias elétrica e de produção empatadas com 21 e química com 11 vagas.

Dos 40 mil estudantes paulistas (ensinos Médio, Técnico e Superior) cadastrados no banco de dados do Ciee, apenas 5% cursam engenharia.

Grossi comenta que não é fácil contratar um estudante da área, visto que para preencher a vaga leva-se, em média, 30 dias. Enquanto que para o setor de humanas o tempo para encontrar o candidato é metade disso.