Aumento de imposto valoriza dólar e dificulta importação
Governo combate especulação financeira – Foto: Reprodução
O governo federal tomou mais uma medida para evitar a valorização do real e elevou de três para cinco anos o prazo de incidência da cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações de câmbio.
A partir de agora, todos os empréstimos feitos no exterior e quitados em menos de cinco anos terão que pagar 6% de imposto. O objetivo da decisão é desestimular a entrada de dólares para especular no Brasil e prejudicar a produção nacional.
O mecanismo é o seguinte. Os especuladores captam dólares em países com taxas de juros muito baixas e emprestam no mercado nacional, que paga uma das mais altas taxas de juros do mundo. Com a operação alcançam lucros altíssimos e inundam o País com a moeda estrangeira.
“Com entrada maior de dólares no Brasil, o preço da moeda americana – isto é, a taxa de câmbio – cai, beneficiando as importações e prejudicando as exportações”, explica Fausto Augusto Jr., coordenador da Subseção do Dieese do Sindicato.
“Com essas operações, a produção nacional fica mais cara em relação a outros mercados e os produtos estrangeiros cada vez mais baratos no mercado interno. A consequência é a queda da produção local e a ameaça aos empregos”, conclui.
Os reflexos positivos da medida já são observados. Como esperava o governo com o aumento do IOF, o dólar subiu quase 2% e está em cerca de R$ 1,80, enquanto há poucos dias, seu valor rondava R$ 1,60.
Com a moeda norte-americana mais cara, as importações tendem a diminuir, fortalecendo a produção nacional e os empregos.
Sérgio Nobre, presidente do Sindicato. Foto: Rossana Lana/SMABC
Importadores reagem contra medidas do governo
As medidas anunciadas pelo governo provocou a imediata reação dos importadores. Alguns dos principais jornais publicaram ontem anúncio de página inteira criticando a decisão.
“Eles têm o direito de dizer o que quiserem. O problema é a opinião de um setor que nada contribui com a produção nacional nem tem compromisso com os empregos no Brasil, saia das páginas publicitárias e vá para o noticiário dos jornais por influência econômica”, alertou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre.
Os importadores defendem no texto tudo o que o Sindicato, empresários e trabalhadores criticam. Eles são favoráveis a guerra fiscal nos portos do Brasil e pressionam os senadores a votarem contra a resolução que disciplina a cobrança de ICMS nos Estados.
“Esse tipo de campanha é contra o interesse nacional e a classe trabalhadora”, disse Sérgio Nobre.
Da Redação