Aumento de taxas bancárias pode levar metalúrgicos do ABC a parar fábricas

Banco Itaú começou a cobrar tarifa de recadastramento; categoria não aceita. "Parece muito estranho o desconto surgir em meio à crise de agiotagem e na sequência da fusão do Itaú e Unibanco. Não podemos admitir esse movimento dos bancos para jogar os custos da crise em cima das costas do trabalhador", diz o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre (foto)

A produção de fábricas da base do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC vai começar a parar esta semana. E a causa das paralisações não será conflito de trabalho, mas sim a especulação bancária.

O banco Itaú começou a cobrar tarifa de recadastramento, no valor de R$ 78,00 parcelados em seis mensais de R$ 13,00, até mesmo de trabalhadores que tinham tarifa zero.

“Na semana passada avisamos que as empresas e o Itaú teriam problemas se insistissem na volta das tarifas. Como já começou a cobrar direto da conta do trabalhador, vamos começar a parar fábricas em protesto contra o abuso”, disse Sérgio Nobre, presidente do Sindicato.

Metalúrgicos receberam, na semana passada, uma carta do banco avisando sobre a cobrança da taxa. Membros de vários Comitês Sindicais tentaram interferir junto às gerências das agências bancárias, sem sucesso.

Em fábricas de grande porte, como Mercedes-Benz e Scania, o Itaú recuou e não irá  fazer o desconto. “Quando fui à agência onde recebemos o salário e quis saber porque um trabalhador paga e outro não ouvi que nem se comparam as folha de pagamento da Mercedes com a da Faparmas”, disse José Mourão, diretor do Sindicato e trabalhador na Faparmas. 

“O banco erra até aí, ao tratar iguais de forma diferente”, critica Sérgio Nobre.

Contato – Nesta segunda-feira (10), o Sindicato começou a procurar a diretoria regional do banco Itaú para tratar do problema. Além das empresas acima, o Itaú tem a folha de pagamento da Mahle, Itaesbra, Panex, Dana entre outras.

Sérgio Nobre afirma que o Sindicato quer uma alternativa negociada com a instituição bancária, “já que parece muito estranho o desconto surgir em meio à crise de agiotagem e na sequência da fusão do Itaú e do Unibanco

“Não podemos admitir esse movimento dos bancos para jogar os custos da crise em cima das costas do trabalhador”, disse o dirigente.

TARIFAS DOBRAM EM OITO ANOS

Na carta enviada aos metalúrgicos, o Itaú afirma “que a tarifa é regulamentada pelo Banco Central e está na média do mercado”. O Banco Central determina a cobrança máxima de valores de tarifas. Portanto, o Itaú poderia manter a tarifa zero aos metalúrgicos e a muitos mais correntistas.

Pesquisa Relatório de Economia Bancária de Crédito do Banco Central aponta que a receita obtida pelos bancos no ano passado com tarifas bateu nos R$ 28 bilhões, quase o dobro de oito anos atrás.

Foi vendo que cobrança de tarifas podia chegar a um salário mínimo ao ano que o Sindicato desencadeou a campanha pela tarifa zero em 2003, como forma de ampliar a renda do trabalhador.

Da Tribuna Metalúrgica