Aumento do custo de vida e ausência de políticas públicas geram mais miséria e violência
Em tempos de altas nos preços, a única estratégia econômica do governo Bolsonaro é cortar o auxílio emergencial e deixar o povo na miséria
Com o final do ano se aproximando, muitas famílias, além de se perguntarem como vão passar as festas em meio à pandemia, sem poder reunir parentes e amigos para evitar a propagação do coronavírus, também se questionam sobre como pagarão os boletos do próximo mês. Essa é a realidade do Brasil em dezembro de 2020, segundo ano do governo Bolsonaro, inflação e desemprego em alta.
O secretário-geral do Sindicato, Moisés Selerges, destacou que a alta nos preços e a falta de políticas públicas afeta a população como um todo. “O resultado desse descaso por parte do governo é o crescimento da miséria, de pessoas vivendo nas ruas e o consequente aumento da violência. Hoje existem 14 milhões de desempregados e não há nenhum apontamento para um caminho de esperança. A pandemia está se agravando e o governo não tem um projeto sólido e contínuo de renda para essas pessoas”.
“O que a gente nota no dia a dia é que há uma alta crescente no custo de vida como um todo, principalmente na alimentação que ficou muito mais cara. O preço do arroz e da carne está um absurdo, mas os trabalhadores praticamente não tiveram aumento no salário. Quando a gente olha o holerite, isso aqueles que ainda têm holerite, observa que o valor continua o mesmo, isso é muito complicado”, ressaltou
Cesta básica
A cesta básica para uma pessoa adulta na cidade de São Paulo, a mais cara do país, foi de R$ 595,87 em outubro, alta de 5,77% em relação a setembro. No mês, o arroz subiu 7,62%, o óleo de soja, 14,01%, e a carne bovina de primeira, 5,12%.
No ano, o preço da cesta subiu 17,64% e, em 12 meses, 25,82%. Os dados são da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
Quem ganha um salário mínimo (R$ 1.045) compromete 53,1% da renda com a cesta básica e precisa trabalhar 108 horas e 2 minutos para comprar os alimentos. Em outubro de 2019, gastava 88 horas e 39 minutos para comprar a cesta para um adulto e comprometia 43,68% do salário mínimo.
Entre os fatores da alta estão o desmonte da política alimentar brasileira pelo governo. Os estoques da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) deveriam regular os preços no mercado e evitar a falta de alimentos básicos, mas não há estratégia do governo federal.
Outro fator é câmbio, com o dólar alto, o agronegócio vende para outros países para ter lucro maior enquanto os brasileiros sofrem com a alta nos preços e a falta de alimentos. O mesmo problema ocorre com o minério de ferro e o aço, que o Brasil exporta enquanto falta matéria-prima para produção nacional e agrava o processo de desindustrialização.
Aluguel
A alta dos componentes do IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, influencia em diversas categorias, inclusive nos contratos de aluguel.
Só em outubro a variação do índice foi de 3,23%. No ano, a alta é de 18,10%. Em 12 meses, chega a 20,93%.
Esse índice inclui produção agrícola e industrial e é mais impactado do que outros pela alta do dólar.
Energia
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) decidiu reativar as bandeiras tarifárias nas contas de luz e estabeleceu patamar vermelho 2 para o mês de dezembro. A tarifa sofre acréscimo de R$ 6,243 a cada 100 kWh. (quilowatt-hora).
Gás
A Petrobras informou que elevará em 5% o preço médio do GLP, também conhecido como gás de cozinha, a partir desta quinta-feira, 3. Os reajustes são aplicados às distribuidoras. Com isso, o preço médio da Petrobras às revendedoras será equivalente a R$ 33,89 por botijão de 13 kg. Com o reajuste, o produto passa a acumular no ano variação média de 21,9%, ou R$ 6,08 por botijão.
Combustível
Em novembro a Petrobras aumentou o preço da gasolina em suas refinarias em 4%, em média, e do diesel em 5%.