Aumento dos juros: “Decisão é lamentável”, diz Marinho

No momento em que a economia brasileira começa a se recuperar, o Banco Central (BC) decidiu aumentar 0,5% a taxa de juros, que passou a 17,25% ao ano.

“É lamentável mais uma vez termos que repetir o que já dissemos a cada nova decisão do BC”, declarou o presidente nacional da CUT, Luiz Marinho.

“A CUT já avaliou que o BC é conservador, insensível aos setores produtivos, incapaz de apostar em mecanismos diferentes para o controle da inflação, que inibe o crescimento do emprego etc, etc”, prosseguiu.

“Esta receita de aumentar juros segue injetando fermento no bolo de um único setor, o sistema financeiro, enquanto a sociedade continua esperando pelo desenvolvimento com emprego e distribuição de renda”, disse Marinho.

Democracia

Ele acredita que esse comportamento só mudará se for alterada a composição do órgão que define a política monetária nacional. Em vez de um grupo de burocratas escolhidos pelo governo e encastelados no Banco Central, como é hoje, a decisão deveria ser aberta à participação dos trabalhadores e setores representativos da economia.

“Com isso, decisões que afetam a vida de todos os cidadãos certamente levariam em conta a necessidade de o País crescer com igualdade”, conclui Marinho.

As contradições

Dados divulgados ontem servem de exemplo para o que diz o presidente da CUT. O emprego na indústria brasileira subiu 1% em setembro em relação a agosto. Foi o quinto mês consecutivo de expansão do emprego e atingiu 13 regiões e 14 setores da indústria.

A folha de pagamento dos trabalhadores da indústria também cresceu. Aumentou 0,3% em comparação a agosto e 10% sobre setembro passado. Isto mostra a economia se recuperando.

Na contramão, o efeito imediato da subida dos juros é o aumento da dívida pública em R$ 2 bilhões. Portanto, diminui o dinheiro em circulação. Mas o pior é que o BC elevou os juros alegando que o ritmo da inflação foi 0,1% maior em novembro com relação a outubro.

É pouco para as consequências que trará: queda nas vendas nas lojas, o que diminui as compras das fábricas, que com isso produzem menos e acabam demitindo os trabalhadores.

Isto é, os trabalhadores pagam a conta quando uma variação de 0,1% na inflação afeta apenas quem tem muito, muito dinheiro.

Só para terminar: economistas do mercado financeiro prevêem que os juros vão subir ainda mais e ficar vários meses acima dos 17,25%.