Avanço da produção industrial não anula perdas acumuladas, diz IBGE
O avanço da produção da indústria nos dois últimos meses de 2011 não anula as perdas do setor acumuladas no período de agosto a outubro, quando somou um resultado negativo de 2,4%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Juntas, as altas de novembro e dezembro totalizam 1,1%.
Segundo o IBGE, o saldo negativo do setor nos cinco meses finais de 2011 ficou em 1,4%, embora a indústria já tenha mostrado um quadro mais favorável a partir de novembro.
“Há uma situação melhor do que prevaleceu até outubro, mas a indústria, olhando um período mais longo, ainda está em terreno negativo. Mas é claro que é um sinal positivo [o crescimento em novembro e dezembro] dentro de um comportamento bem moderado ao longo do segundo semestre”, disse André Macedo, gerente da pesquisa de indústria do IBGE.
Segundo Macedo, a indústria encerrou dezembro com nível de produção 3,5% inferior ao patamar recorde de produção do setor, alcançado em março de 2011. Aquele mês, diz, marcou o fim do ciclo de recuperação da indústria pós-crise de 2008 e 2009. “Depois disso, houve claramente um comportamento negativo, interrompido só em novembro e dezembro.”
Na comparação com os mesmos meses de 2010, a queda de 1,2% na produção de dezembro representa a quarta retração consecutiva do setor, ressalta o economista. De novembro para dezembro, a indústria cresceu 0,9%.
Para Macedo, a perda de ritmo da indústria em 2011 está associada principalmente ao câmbio, que ampliou a concorrência de produtos importados e reduziu as exportações industriais do país.
Uma categoria afetada por essa conjuntura ruim, diz, é a de bens duráveis, que teve a maior queda em 2011 (-2%). Entre os produtos que sofrem com os efeitos do câmbio desfavorável, estão celulares e eletroeletrônicos.
A produção de veículos também foi afetada, mas mais pela moderação do consumo interno sob efeito dos juros mais altos no primeiro semestre e pelo acúmulo de estoques. A fabricação de automóveis de passeio caiu 7,8% em 2011.
O setor de veículos automotores cresceu 2,4%, mas puxado pela fabricação de caminhões e não pela de automóveis. O avanço da produção de caminhões é um dos principais fatores que explicam a alta de 3,3% da categoria de bens de capital, que teve o melhor desempenho da indústria.
Também cresceu a produção de bens de capital (máquinas e equipamentos) para a indústria e para a construção civil.
Da Folha Online