Avanço na Luta: Pessoas com deficiência na R.Royce

Após mais de quatro anos de luta, o Comitê Sindical de Empresa (CSE) e a Comissão de Fábrica (CF) na Rolls-Royce conseguiram que a empresa contratasse sete pessoas com deficiência.

São quatro mulheres e dois homens que tiveram seu primeiro dia de serviço ontem e uma mulher que já havia trabalhado. Todos são portadores de deficiência auditiva e aptos a desenvolver praticamente todo tipo de serviço.

Com a contratação, o pessoal na Rolls Royce vence uma etapa da campanha salarial que é a reivindicação por cotas de diversidade.

Etapa vencida na Rolls Royce

A contratação de pessoas com deficiência é resultado do esforço dos representantes dos companheiros na Rolls-Royce. Com isso, a fábrica começou a cumprir uma das reivindicações da campanha salarial deste ano, que determina a existência de cotas.

Vicente José dos Santos, do CSE, conta que essas contratações não são luta de agora, já era item de pauta desde o ano 2000. O fortalecimento à polícia de inclusão social que ocorreu com a eleição de Lula contribuiu com a luta, mas a Rolls-Royce sempre dava um jeito de empurrar a questão com a barriga.

Essa situação mudou quando o Ministério do Trabalho realizou uma fiscalização na empresa. A partir daí os trabalhadores passaram a ser procurados para  debater a contratação. “Como não sabíamos quem devia ser chamado, procuramos o Sindicato, a Comissão de Metalúrgicos Portadores de Deficiência e o Senai de Itu”, lembra João André, da CF.

Eles ficaram surpresos ao saber que o Senai de Diadema fazia esse trabalho de colocação. Foi a própria instituição que encaminhou os trabalhadores procurados. Na última sexta-feira, todos visitaram a fábrica, conheceram as instalações, seus novos companheiros e um pouco do que irão fazer – todos foram contratados como auxiliar administrativo.

“Podia ter vindo um na produção”, lamentou o ajustador de peças aeronáuticas Valdir Donizeti Vecchis, o Guaru.  Ele participou da palestra que técnicos do Sesi de Diadema deram na sexta para explicar como melhor se relacionar com o pessoal novo e saiu empolgado. Pensa em fazer um curso de linguagem por sinais.

Primeiro emprego da maioria

Para seis dos sete novos trabalhadores na Rolls-Royce este é o primeiro emprego. Bastante jovens – ente 18 e 20 anos – têm em comum também uma vontade imensa de trabalhar e agarram o serviço com muita vontade e determinação.

A sétima nova trabalhadora tem experiência. Com 47 anos, trabalha há mais de 20. “Sou casada e tenho dois filhos. E o mundo aí fora não está fácil, não”, afirma Rosana Aparecida Frugais Desatolo.

Como a maioria das pessoas com deficiência auditiva, eles têm dificuldades de fala, pequena limitação que tentam compensar com sinais, bastante esforço, escrevendo  e uma imensa dose de simpatia.

É o caso de Ana Paula Pereira da Silva, de 19 anos. Bastante emocionada, não conseguia explicar o que sentia. Definia como nervosa e calma. Como os demais, pretende se desenvolver profissionalmente na Rolls Royce, mas o sonho é cursar faculdade de Nutrição.

Glície Morais de Sousa, de 18 anos, quer ajudar a família e, bastante religiosa, confia que tudo vai dar certo porque recebeu ajuda divina. “Confio muito em Deus”, revela. Já Sabrina Alves de Oliveira, de 18 anos, que foi para o Departamento Financeiro, garantia que estava absolutamente tranquila.

Na faculdade

Thais Cristina de Abrantes Sarmento, de 19 anos, empregada na engenharia, procurou serviço durante um ano e meio. A situação só clareou depois que fez o curso do Senai em Diadema. Ela tem clareza das dificuldades de sua situação. Pretende fazer faculdade para dar aulas a portadores de deficiência auditiva. Como ela.

Simpático, comunicativo, Régis Romão, de 20 anos, admitia que estava ansioso. E com tanta vontade de acertar no emprego quanto Thyago Ornellas Dias, de