Baixando a bola

Muitas vezes acreditamos que todo nosso esforço em melhorar uma determinada condição se reflete em uma efetiva melhoria ainda que parcial.

Surge aí um problema: a verdade que construímos pode não coincidir com os fatos reais, mas, ainda assim, passamos a ignorá-los ou a dar menos atenção a eles, o que só contribui para o agravamento progressivo dos mesmos.

Pior do que lidar com uma dúvida é acreditar em algo que não se confirma.
Veja um exemplo disso: Uma empresa que, por exigência de nosso Sindicato, passou recentemente a enviar as cópias das CAT ao Departamento de Saúde, cumprindo uma lei que até então não respeitava, apresentou onze casos de doenças relacionadas ao trabalho.
Desses onze casos, um se refere à surdez profissional, dois a problemas de coluna e oito são casos de LER/DORT, sendo sete deles de lesões em ombros.

Resultado
Vale fazer uma reflexão no sentido de entender esse adoecimento dos ombros não como uma fatalidade ou uma fraqueza individual, mas como resultado.

Esse adoecimento é consequência direta da má condição ergonômica do posto de trabalho, que determina o emprego de força muscular estática para manter posturas prolongadas dos membros superiores. Além disso, estaria associada à impossibilidade de rodízio de atividades, ausência de pausas para descanso muscular e intensificação do trabalho acima de limites razoáveis.

Duas lições podem ser apreendidas desse dado estatístico simples.
1º) A importância de exigirmos que as empresas cumpram as leis e nos enviem as cópias das CAT. Só com isso podemos ter acesso real a uma situação que antes era apenas uma suspeita.
2º) Independentemente do tamanho e importância da fábrica, da sua modernidade e tecnologia,
e do grau de organização sindical que dispomos que tantos avanços garantiu, estamos longe ainda de termos resolvidos os nossos problemas em relação à saúde e condições de trabalho.

Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente