Bancários entregam pauta e fazem ato; campanhas envolvem 3 milhões

Juvandia, Cordeiro e Portugal iniciam negociação que envolve 500 mil bancários em todo o país

Outras categorias, como comerciários, trabalhadores nos Correios, metalúrgicos, petroleiros e químicos têm negociação no segundo semestre

Representantes dos bancários, que fazem campanha nacional, entregaram ontem (11) a pauta de reivindicações à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). À tarde, em São Paulo, o início da campanha teve manifestação nas ruas do centro. Atos estavam previstos em outros locais do país. Várias categorias com data-base no segundo semestre estão iniciando negociações. São os casos de comerciários, metalúrgicos, petroleiros, químicos e trabalhadores nos Correios. Apenas nesses casos, são mais de 3 milhões de trabalhadores envolvidos. Em todas as situações, os sindicalistas não admitem fechar acordo sem aumento real (acima da inflação).

Só entre os bancários são aproximadamente 500 mil trabalhadores. A pauta inclui reajuste salarial participação nos lucros ou resultados (PLR), vales alimentação e refeição, melhores condições de trabalho e prevenção contra assaltos e sequestros, entre outras reivindicações. Pela atual convenção coletiva, o vale-refeição corresponde hoje a R$ 23,18 por dia e o alimentação, a R$ 397,36. Serão entregues também pautas específicas para o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. As primeiras reuniões estão previstas para os dias 19 e 20.

No ano passado, o reajuste fixo foi de 8%, para uma inflação em 12 meses, até agosto (véspera da data-base), de 6,09% (IPCA) ou 6,07% (INPC). Este ano, a inflação acumulada deve ficar entre 6,4% e 6,3%.

“Os bancários estão preocupados com as demissões no setor e com a eliminação de postos de trabalho. Infelizmente a realidade dos bancários em todo o país é de muito adoecimento mental e físico”, comentou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira, referindo-se à pressão exercida sobre os trabalhadores para cumprimento de metas. “Queremos pôr um fim à rotatividade, que no sistema financeiro faz parte do negócio e é um mecanismo para reduzir salário e aumentar lucros”, acrescentou o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Carlos Cordeiro.

No relatório anual da entidade, o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, classificou as negociações sindicais do setor “um exemplo de diálogo social” e “as mais melhores e mais completas do país”, destacando que há mais de 30 anos a discussão ocorre “sem a interferência de terceiros”. O executivo repetiu essa expectativa ao receber a pauta hoje – a Fenaban é o braço sindical do setor.

Correios

Com data-base em 1º de agosto, os trabalhadores na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) iniciaram negociações na semana passada, com aprovação do calendário de reuniões. A pauta de reivindicações, protocolada em 30 de julho, tem itens como reposição de perdas pelo índice de 6,4%, R$ 300 lineares e 8% de aumento real. São aproximadamente 125 mil funcionários. As negociações dos últimos anos têm tido conflitos e acabando no Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Na base metalúrgica do estado de São Paulo, os sindicatos da CUT, com data-base em 1º de setembro, já iniciaram negociações com os diversos grupos empresariais. A campanha envolve 251 mil trabalhadores. A base da Força Sindical, que negocia em novembro, reúne em torno de 800 mil.

Na próxima quinta-feira (14), a Federação Única dos Petroleiros (FUP) realiza em Natal o seu 16º congresso nacional. Dali sairá a pauta a ser discutida com Petrobras, que no encerramento de 2013 estava com 86 mil funcionários. Um programa de demissões voluntárias organizado pela companhia anunciado em janeiro teve mais de 8 mil adesões – na divulgação dos resultados trimestrais da empresa, na semana passada, a Petrobras informou que 3.102 empregados já haviam sido desligados.

Os químicos, que reúnem 350 mil trabalhadores em São Paulo, nas bases da CUT e da Força, também se preparam para iniciar as negociações.

Da Rede Brasil Atual