Banco Central prevê que até o final de 2009 juros estarão no menor patamar da história

Trabalhadores continuarão se manifestando para impedirnovas altas das taxas e reivindicar redução do spread bancário

A expectativa de analistas aponta que a taxa básica de juros deva encerrar 2009 em 11%, o que seria o patamar mais baixo desde que o Banco Central passou a divulgar meta para a taxa Selic (taxa básica de juros) para fins de política monetária, em março de 1999. Segundo o boletim Focus publicado na segunda-feira (26) pelo BC, os analistas modificaram a previsão para os juros, que até o relatório anterior estava em 11,25%.

Na semana passada, o Copom (Comitê de Política Monetária) surpreendeu o mercado ao cortar a taxa Selic em um ponto percentual, para 12,75% ao ano. Para 2010, a projeção também caiu. O mercado espera juros em 10,75% no ano que vem, contra os 11% da estimativa anterior.

O resultado saiu logo depois de diversas manifestações promovidas pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e por outras entidades, filiadas a CUT.  Os trabalhadores pediram a redução dos juros e o corte do spread bancário. De acordo com o presidente da Central, Artur Henrique, os trabalhadores continuarão no pé do Copom e dos banqueiros. “Não permitiremos que a selic volte a subir e ainda lutaremos para que os banqueiro liberem o crédito para os trabalhadores.”

IPCA
Os analistas diminuíram a perspectiva para a inflação em 2009 pela segunda semana seguida. A projeção é de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) se situe em 4,64% neste ano em vez dos 4,80% aguardados antes. Desta vez, a previsão está bem próxima do centro da meta, que é de 4,5%.

Para 2010, as projeções estão estacionadas no centro da meta do governo, em 4,50%, há 34 semanas. Para os demais índices de preços, a estimativa também foi reduzida. A expectativa para o IGP-DI de 2009 saiu de 4,91% para 4,49%, enquanto a projeção para o IGP-M caiu de 4,77% para 4,41%. Sobre o IPC-Fipe, os agentes estimam que o índice avance 4,50% em vez de 4,54%.

Segundo o Focus, os analistas esperam que o dólar comercial encerre o ano a R$ 2,30, sem mudança, e terminará janeiro em R$ 2,35, pouco acima da estimativa passada, de R$ 2,33. Para o encerramento de 2010, a mediana das expectativas dos analistas aponta dólar a R$ 2,28, repetindo o prognóstico contido no boletim anterior.

O mercado financeiro manteve estável a estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009 em 2%. Para o próximo ano, a previsão é de que a economia brasileira tenha expansão de 3,80%, pouco menos do que os 3,90% aguardados anteriormente.

Em termos de produção industrial, a projeção média foi reduzida de alta de 2,15% para 2% em 2009 e de 4,30% para 4,05% nos 12 meses à frente. Na balança comercial, a previsão é de superávit de US$ 14,5 bilhões em 2009, sem alteração. A conta de transações correntes do País deve encerrar este exercício com déficit de US$ 25 bilhões, também igual ao do levantamento precedente.

Conservadorismo
Na avaliação do deputado Pedro Eugênio (PT-PE), a análise do empresariado reflete um certo conservadorismo em algumas estimativas, como o crescimento da economia em 2%. “O empresariado tende a ser mais pessimista no crescimento econômico. Se os empresários avaliarem mais objetivamente, considerando separadamente os setores exportadores, que são os que sofrem mais impacto direto da crise, verão que seus planos de investimento deverão continuar em 2009 e que nossa taxa de crescimento deverá ser maior do que 2%. Já ouvimos uma taxa de 4%, que é a estimativa da equipe econômica do governo”, avaliou.

Outro ponto a ser destacado, disse, é a previsão de queda na taxa de juros. Segundo Pedro Eugênio, há espaço para uma redução ainda maior da taxa Selic. “O BC tende a ser conservador, mas há espaço para uma redução maior da nossa taxa. Temos de ter referências na inflação, na qual a expectativa do mercado é correta – a inflação ficará dentro da meta, inclusive devido à redução do ritmo de expansão da economia -, mas também temos de olhar as taxas de juros internacionais, que estão mais baixas do que nunca, se aproximando de zero em alguns países”, afirmou.

Do PT