Banco escocês pretende demitir 2 mil trabalhadores
O Royal Bank of Scotland Group (RBS) planeja cortar 2 mil vagas como parte de sua estratégia para reduzir as operações de banco de investimento. A redução de 20% do quadro de trabalhadores na divisão de mercados segue a intensa pressão sobre o banco controlado pelo governo britânico para ter como foco o mercado doméstico. Os cortes devem ser feitos, em grande parte, nos próximos 18 meses.
A notícia veio no mesmo dia em que o banco informou que tomaria medidas para reduzir o balanço da divisão de mercados para menos de 80 bilhões de libras, até o fim de 2014. No fim do ano passado, a cifra estava em torno de 101 bilhões de libras. O banco também disse ontem que planeja deixar todos os produtos estruturados de varejo e derivativos de ações.
“Estamos anunciando as mudanças que faremos para cumprir nossas metas, de modo que, com mais eficiência de capital, possamos fornecer aos clientes os produtos que eles precisam e garantir que a divisão de mercados do RBS seja lucrativa e sustentável”, afirmou o banco. “Nosso negócio será mais simples e mais eficiente, reduzindo os procedimentos complexos que geram risco operacional e de conduta.”
O anúncio foi feito apenas um dia após o presidente-executivo do banco, Stephen Hester, anunciar sua saída no fim deste ano. Especulações sobre quem será o sucessor de Hester no comando do Royal Bank of Scotland dominaram os mercados financeiros de Londres ontem, com a notícia de sua renúncia tendo provocado a queda no preço dos papéis do banco.
As ações do RBS fecharam com desvalorização de 3,26%.
Joe Rundle, chefe de corretagem da ETX Capital, afirmou: “Os mercados financeiros não estão convencidos de que o RBS e o governo britânico podem achar um substituto adequado”.
Um sucessor claro ainda deve aparecer, de acordo com “headhunters”, apesar de uma série de nomes ter surgido em meio às especulações do mercado e da mídia.
Dave Buik, comentarista de mercados da Panmure Gordon, disse: “A primeira coisa que pensei é que esse não é um casamento dos sonhos, que nos separamos e continuamos amigos. Se fosse, então o novo CEO estaria sentado na mesma mesa que Hester na coletiva de imprensa”. Ele afirmou ainda que “pode ser qualquer um. Provavelmente um banqueiro de varejo, ou poderá ser alguém de quem ninguém nunca ouviu falar”.
O RBS disse que a busca por um sucessor “começará imediatamente”, será liderada pelo presidente do conselho do banco, Philip Hampton, e vai considerar tanto candidatos internos quanto externos. O RBS não quis fazer outros comentários além do comunicado oficial.
Dentre os candidatos mais citados para o cargo estão Nathan Bostock, que é o atual chefe da reestruturação do RBS, tendo emergido como principal concorrente ao cargo de Hester ainda no mês passado, em meio a especulações da mídia sobre o plano de sucessão. Outro nome do banco citado pelo mercado é Rory Cullinan, atual executivo-chefe da divisão de ativos e negócios não-estratégicos, que se reporta a Bostock. Ross McEwan, executivo-chefe da divisão de varejo do banco, também tem sido lembrado.
Do Valor Econômico