Bancos: Do juro básico ao real, um caminhão de lucros

O juro médio cobrado pelos bancos das pessoas físicas e empresas foi de 47% em média ao ano, entre 2000 e abril de 2006, segundo dados do Banco Central (BC). Essa taxa garante às instituições o título de campeãs da usura e pode ser explicada por uma interminável busca por lucro que não tem igual no mundo. Usura significa tirar a maior vantagem possível de um empréstimo.

Nos últimos dez anos, a taxa de juros básicos da economia, a chamada taxa Selic, ficou em 14,5% na média. A diferença entre a Selic e o juro final é chamada de spread, adicional que os bancos colocam em cima do juro básico na hora que concedem um empréstimo ou financiam uma compra. É com o spread que as instituições alcançam seus vultuosos lucros.

Contradição – Entre setembro de 2004 e maio de 2005, o BC elevou a Selic nove vezes, num total de 3,75%. No período, a taxa média cobrada pelos bancos do consumidor final cresceu 4%.

Já de setembro de 2005 a abril de 2006, o BC fez sete cortes na Selic, que caiu 4%. Mas o juro final teve um recuo de apenas 1,7%.

Entre os anos de 1996 a 2005, o spread médio no Brasil atingiu 25% ao ano, segundo o Banco Central. Uma pesquisa do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostra que, em 2003, o spread na  Rússia foi de 9%; na Índia de 5,4%; e na Tailândia de 4,6%.

“Há movimentos contraditórios. Quando a Selic sobe, a taxa para o tomador final sobe imediatamente. Quando cai, há uma resistência enorme à queda. Ela se dá a conta-gotas”, diz o economista da Universidade de Brasília (UnB) Roberto Piscitelli, ex-presidente do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal.