Bancos privados lideram alta de juros, mostra Banco Central
Pegar um empréstimo pessoal ficou mais pesado em 2013. Dados do Banco Central revelam que os bancos, principalmente os privados, elevaram os juros entre o fim de 2012 e fevereiro deste ano. Algumas instituições chegaram a subir as taxas em 10 pontos percentuais no período, e, segundo especialistas, esse movimento pode ser intensificado caso o Banco Central inicie um aperto monetário, o que tiraria a taxa básica da economia (Selic) do piso histórico de 7,25% ao ano. Até mesmo o Banco do Brasil, que tem sido uma poderosa arma do Palácio do Planalto na guerra contra os spreads (diferença entre o que o banco paga para captar e o que ele cobra para emprestar) elevou juros.
Para especialistas, os bancos estariam se antecipando a uma possível alta da Selic, o que pode acontecer ainda neste semestre se a inflação piorar ainda mais. O problema dessa estratégia, porém, é que ela pode travar o crédito. Apenas em janeiro, segundo informações do BC, as concessões totais de empréstimos e financiamentos encolheram 16,7% contra dezembro. Para as famílias, o tombo foi de 4,4%. Os números de fevereiro ainda não são conhecidos oficialmente, mas executivos de grandes bancos informaram que o ritmo de liberação de recursos no segundo mês do ano continuou moderado.
João Augusto Salles, economista da consultoria Lopes Filho, disse que parte dessa queda nas concessões é explicada pelo elevado endividamento das famílias. Nos últimos meses do ano passado, elas entraram forte no crédito, com a aquisição de móveis, eletrodomésticos e automóveis, beneficiados com o desconto de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). A elevação dos juros pode segurar ainda mais o crédito. “Quem tomar dinheiro em banco hoje já pega uma taxa nova, que não é referenciada na Selic de 7,25% ao ano”, afirmou. “As instituições esperavam um crescimento em 2013 melhor que o do ano passado, mas os dados preliminares estão frustrando metas e planos”, ponderou.
Do Correio Braziliense