Barbárie em SP – Entidades reafirmam suspeita de PMs matarem inocentes
Análise feita por entidades civis com base em depoimento de familiares mostra que cerca de 30 pessoas inocentes foram assassinadas em ações de extermínio promovida provavelmente por policiais para vingar os ataques do PCC.
Nessa lista estão 12 jovens que morreram em cinco chacinas na semana passada, registradas no Boletim de Ocorrência como de autoria desconhecida.
O Ministério Público Federal quer saber se esses assassinatos foram praticados pela polícia ou por grupos de extermínio.
O coordenador do Movimento Nacional dos Direitos Humanos, Ariel de Castro Alves, disse que as famílias sabem que os mortos são inocentes, mas estão com medo de procurar a polícia por causa de represálias.
“As vítimas podem ter sido mortas pela polícia numa resposta ao crime organizado e agora os familiares preferem sofrer em silêncio”, disse Ariel.
Tiros nos corpos sugerem execução
Peritos que viram uma série de corpos no IML constataram que muitos tinham marcas de tiro na nuca e na cabeça, que são indícios de execução.
“Algumas lesões corporais sugerem a possibilidade de ter ocorrido execuções”, afirmou o defensor público Pedro Giberti.
Ele disse que em um corpo o tiro atravessou a cabeça e em outro perfurou a mão, sugerindo que a pessoa estava em posição de defesa.
Termina amanhã o prazo dado pelo Ministério Público para que o governo estadual divulgue a lista dos suspeitos mortos pela polícia depois da onda de atentados.
“Não há justificativa para que os nomes não sejam revelados”, disse o procurador geral de Justiça, Rodrigo Pinho.
Caso o prazo não seja cumprido, os dirigentes dos órgãos estaduais devem responder pelo crime desobediência.
Escritor denuncia polícia e é ameaçado
O escritor Ferréz, morador no Capão Redondo, na periferia de São Paulo, mudou da cidade devido às ameaças de morte que sofreu.
Depois de ouvir familiares de jovens mortos, Ferréz denunciou a ação da polícia contra a população pobre para responder aos ataques do PCC.
Ele acusou o governo estadual de estar escondendo os corpos porque a maioria das pessoas teria sido executada por esquadrões formados por integrantes da polícia.
“Pena que ao defender as pessoas da periferia sou covardemente confundido com defensor de bandido”, protestou Ferréz.