Base de Serra na Assembleia manobra para “enterrar” apuração

A CPI da CDHU investiga máfia acusada de desviar R$ 135 milhões dos cofres paulistas nos governos tucanos

A base aliada do governador José Serra (PSDB) na Assembleia Legislativa manobra para “enterrar” a CPI da CDHU, que investiga máfia acusada de desviar R$ 135 milhões dos cofres paulistas, fraudando licitações e superfaturando obras da Companhia Paulista de Desenvolvimento Habitacional e Urbano entre 2001 e 2007, nos governos tucanos. Segundo a oposição, foi a única apuração aprovada pela Casa nos últimos anos a “incomodar” o governo.

Na próxima terça-feira, termina o prazo de 120 dias do funcionamento da comissão, e os deputados governistas pretendem prorrogá-la por apenas 15 dias. “A CPI já produziu o resultado que tinha de produzir”, disse o tucano Milton Flávio. “Nenhum fato novo surgiu e nenhuma outra conclusão será produzida além do que já fizeram o Ministério Público a Polícia Civil e a Justiça”.

Em agosto, a Justiça de Pirapozinho, cidade na região de Presidente Prudente, oeste do Estado, onde o esquema foi estourado, condenou 19 suspeitos de integrar a “máfia das casinhas”, entre eles o empreiteiro Francisco Emílio de Oliveira, o ‘Chiquinho da CDHU’, tido como o mentor do esquema, e o ex-prefeito de Pirapozinho pelo PTB, Sérgio Pinaffi.

Com duas das nove cadeiras da CPI, o PT cobra mais 60 dias de investigação. “Estão atropelando a CPI. Temos oito requerimentos de depoimentos aprovados que querem ignorar”, criticou Ênio Tatto. As últimas dez CPIs foram prorrogadas em ao menos dois meses. Ontem, dois ex-funcionários da prefeitura de Pirapozinho confirmaram irregularidades nas medições de obras da CDHU.

Entenda o Caso

A CPI da CDHU foi criada em junho para investigar denúncias de fraude nas obras da empresa do governo estadual entre 2001 e 2007 – período de governo dos tucanos Mário Covas, Geraldo Alckmin e início de José Serra

A máfia foi desmantelada em maio de 2007 em Pirapozinho, região de Presidente Prudente, pela Operação Pomar da polícia e do Ministério Público e é acusada de desviar R$ 135 milhões

Em agosto, a Justiça condenou 19 suspeitos de integrar esquema.

Do Jornal da Tarde