Basta! Preço da crise não pode recair somente sobre os ombros dos trabalhadores

Volks

Fotos: Adonis Guerra

“Há um sinal de alerta para toda a categoria”

A partir de 15 de fevereiro, cerca de 800 tra­balhadores na Volks, em São Bernardo, entram em férias coletivas por 20 dias e, após esse perí­odo, em layoff, ou seja, terão seus contratos de trabalho suspensos pelos próximos cinco meses.

“Apesar de o Sindicato ter conseguido cons­truir os instrumentos necessários e todo um processo de negociação que vem desde 2012, tanto para encarar uma reestruturação interna como garantias para momentos de crise, que é o acordo até 2019, isso não pode desestabilizar a vida dos trabalhadores do jeito que está aconte­cendo”, declarou o secretário-geral do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão.

Ele lembrou que os níveis de produção caíram muito além do esperado.

“Isso vem acontecendo por conta de uma crise que tem um lado econômico, mas que também tem sido extendida por uma disputa política, daqueles que de forma oportunista, em defesa de seus próprios interesses, hoje não querem que o País retome o crescimento e o desenvolvimento”, avaliou.

Segundo o dirigente, as empresas não podem usar deste momento para impor sua pauta de reestruturação com vistas à retomada do mer­cado para lucrarem ainda mais do que sempre lucraram.

Além disso, quando a produção é suspensa, mesmo que temporariamente, toda as demais em­presas que fornecem seus produtos são afetadas.

“Quando as montadoras param, significa desemprego nas autopeças e em toda a cadeia produtiva do setor. Por conta disso, há um sinal de alerta para toda a categoria”, concluiu Wagnão.

 

 Mercedes

“No lugar do medo, queremos o crescimento”

Em reunião na tarde desta segunda, 1º de feve­reiro, a Mercedes, em São Bernardo, anunciou ao CSE na fábrica licença remunerada para 1.500 tra­balhadores ligados à produção, a partir do próximo dia 17, por tempo indeterminado.

Para o Comitê Sindical de Empresa, o CSE, a montadora vem se aproveitando da crise econômica para fazer ajustes e assim, buscar mais ganhos de produtividade e, consequentemente, em uma recu­peração do mercado, ampliar seus lucros.

“Declarações da direção da Mercedes mostram uma postura do ‘quanto pior melhor’, sem se pre­ocupar com os que produzem a sua riqueza: os trabalhadores”, afirmou o coordenador do CSE, Ângelo Máximo de Oliveira Pinho, o Max.

Segundo o dirigente, já o Sindicato tem apon­tado medidas para serem adotadas pelo governo federal, com o objetivo de retomada do crescimento da economia e da geração de empregos.

“O Programa de Renovação da Frota de Cami­nhões, a liberação de crédito, a diminuição da taxa de juros, incentivos para as exportações, entre outros estão no foco das ações propostas pelos Metalúrgicos do ABC”, completou.

“Já conquistamos o PPE, que garante o traba­lhador na fábrica em tempos de crise e esse instru­mento tem que ser valorizado”, lembrou.

“O governo federal tem que olhar para a realida­de que tem sido dura para os trabalhadores e não realizar um ajuste fiscal que penalize ainda mais os companheiros”, disse.

“Teremos que voltar a ocupar a via Anchieta e lutar para que a economia seja retomada. No lugar da política do medo da empresa, queremos a polí­tica do crescimento para o País”, concluiu.

Da Redação.