“Bela, recatada e do lar” – o que isso tem a ver com a violência contra as mulheres?
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Em abril de 2016, uma importante revista descreveu a esposa de Temer como “Bela, recatada e do lar”. O que parecia um singelo elogio despertou, em muitas mulheres, forte reação. Inúmeras postagens nas redes sociais ironizavam a descrição, insinuada como sinônimo de mulher ideal, promovendo um debate crítico sobre os símbolos que estavam envolvidos na narrativa.
Dilma acabara de ser impedida de governar, e fora muito atacada por representar uma mulher fora dos padrões esperados pela sociedade patriarcal, em que homens dominam política e economicamente as mulheres. Tratava-se de contestar que a forma de ser mulher, a sombra de um homem, não poderia ser o único modelo a ser seguido.
Com o governo Bolsonaro, vimos intensificar a discussão sobre este lugar reservado às mulheres. Uma era obscurantista fez ressurgir valores conservadores em todo o país, trazendo de volta costumes do século XIX. O movimento das mulheres que gritaram “ele não”, às vésperas da eleição, bem que anunciara o perigo. Somados ao intenso retrocesso cultural, vimos crescer respostas autoritárias e armadas para todos os conflitos.
Então, pensemos: milhares de homens armados, associando sua masculinidade ao uso da força e considerando que os conflitos se resolvem com violência, explica em parte o aumento da violência nestes últimos anos. Mas tivemos ainda um estímulo à misoginia, ódio ou aversão às mulheres, que as tornou principais alvos para toda sorte de frustrações masculinas. Esta é uma fórmula bombástica.
É preciso reverter este quadro! E a campanha Agosto Lilás contra a violência em relação às mulheres sinaliza a urgência e a importância de consolidarmos costumes diferentes e garantir direitos, como parte de um projeto de sociedade igualitária.
Departamento de Formação