Bilhete do João Ferrador

Ilustríssima companheirada Metalúrgica do ABC deste meu Brasil Grande e Potente

Hoje é dia de comemoração. Nosso Sindicato faz 51 anos. Como fizemos no ano passado, voltamos aqui para premiar pessoas e entidades cujos trabalhos se destacam para melhorar o Brasil.

Fico bastante orgulhoso de ter meu nome em um prêmio de tamanha importância. Afinal,
pertenço à categoria há muito tempo e sou testemunha de que nestes 51 anos acumulamos
muita luta e muita conquista.

Todos nós, companheiros e companheiras, temos uma ponta de responsabilidade nas
transformações pelas quais o País passou nesse tempo. Portanto, a homenagem é também
para cada um de vocês que trabalha para mudar o Brasil para melhor.

O bacana neste mais de meio século de vida é ver que nosso Sindicato, além das lutas trabalhistas, ficou ainda mais próximo das entidades sociais e também luta pelos direitos das mulheres, dos jovens, dos negros, dos favelados, dos sem terra, dos homossexuais, dos torturados e perseguidos políticos, de quem ganha salário mínimo, dos aposentados, dos flagelados pelas secas ou enchentes. Enfim… de todos aqueles que aspiram ser reconhecidos como portadores de direitos neste nosso Brasil tão marcado pela exclusão e o preconceito.

São tantas as demandas sociais, políticas e sindicais que a lista vai longe. Mas precisamos começar de algum lugar e por isto algumas delas são aqui destacadas. Na mesa desta
noite estão reunidos o jornalista Bernardo Kucinski, por sua contribuição ao debate para a
democratização da nossa mídia, o ativista Lula Ramires e sua incansável batalha por um lugar
de respeito à comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, transgêneros e simpatizantes) e o militante político Ivan Seixas que, apesar do Supremo Tribunal Federal ter mantido a anistia para torturadores, continuará insistindo em abrir os arquivos da ditadura militar.

Também estão nesta mesa o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio Econômicos), conosco nesta caminhada por sua assessoria no embate diário com os patrões, a SOF (Sempreviva Organização Feminista) pela luta e apoio ao movimento das mulheres, consagrado em 2010 pelos 100 anos do 8 de Março, e o Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, que desde a redemocratização do Brasil propôs um novo modelo de tratamento de saúde aos portadores de doença mental.

Alguém já disse que quem luta tem duas possibilidades: ganhar ou perder. Mas quem não luta, já perdeu. Todos que acabei de citar estão inscritos no primeiro caso, querem vencer e, tenho certeza, continuarão lutando.