Billings: 81 anos e mais deterioração
A Represa Billings completou 81 anos ontem sob suspeita de ter um nível de contaminação maior que se pensava. Na semana passada, quando transcorreu o Dia Mundial da Água, a Cetesb (Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental), divulgou relatório que aponta queda na qualidade da água no manancial que abastece 1,6 milhão de pessoas em São Bernardo, Diadema e parte de Santo André.
Entre as impurezas, foram encontradas pequenas quantias das chamadas substâncias mutagênicas, que podem causar danos à saúde.
A Cetesb afirma que a água pode ser consumida pois a quantidade das substâncias não é prejudicial para a saúde humana.
Mas admite que pode provocar desequilíbrios na vida aquática da Billings.
José Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental, chama a atenção para a existência de inúmeros outros problemas que aumentam a poluição na represa: “Ocupação desordenada, despejo de lixo, retirada de terra, abertura de trilhas etc.”.
Brasil é exemplo de gestão
Apesar de problemas no abastecimento, seja na qualidade como na distribuição geográfica, o modelo brasileiro de gestão das águas é considerado exemplo pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo relatório apresentado no 4° Fórum Mundial da Água, no México, o Brasil é uma das 14 nações que apresentaram progressos importantes em políticas de recursos hídricos nos últimos três anos. Foram analisados 108 países.
“O relatório toma como premissa que só a cooperação global pode garantir uma gestão integrada e sustentável da água”, explica Celso Schenkel, da ONU. O Brasil é o único país sul-americano destacado por ter avançando na construção de instrumentos institucionais, de gestão participativa e na consolidação de planos e programas em nível nacional, destaca a ONU.
Foram considerados avanços fundamentais a criação da Agência Nacional e das agências estaduais de Águas e o desenvolvimento de um Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH). Lançado no este mês, o PNRH apresenta um conjunto de diretrizes, metas e programas para assegurar o uso racional da água no Brasil até 2020. O documento é resultado de dois anos e meio de discussões, com cerca de 7 mil pessoas de diversos segmentos da sociedade.
Schenkel acredita que o reconhecimento, pela ONU das políticas implementadas pelo governo brasileiro credencia o país a liderar um processo de compartilhamento de bacias e gestão integrada dos recursos hídricos na América do Sul.
Uso de água deve ser racional
O volume de água que o ABC desperdiça em três anos seria suficiente para abastecer a região por nove meses. Cerca de 12 bilhões de litros poderiam ser economizados por ano se o produto fosse consumido de forma adequada, garante a Sabesp. O uso errado pode trazer sérios problemas no futuro.
Segundo a empresa, o consumo médio de água por habitante do ABC é 160 litros por dia, quando o ideal seriam 120 litros diários. A diferença de 40 litros multiplicada pelos 2,5 milhões de habitantes da região representa o desperdício de 102 milhões de litros, quantidade usada por nove meses no ABC.
A Sabesp afirma que o desperdício é causado no banho demorado, ao lavar a calçada, na máquina de lavar roupas funcionando quase vazia, ao lavar o rosto, se barbear ou escovar os dentes com a torneira aberta, na lavagem de um carro etc.
Tem fim – “As pessoas ainda alimentam a idéia errada de que a água é um bem inesgotável no Brasil”, diz Horácio Figueiredo, da Ana (Agência Nacional das Águas), órgão do governo responsável pelos recursos hídricos no País.
Ele explica que o Brasil concentra 12% da água doce do mundo, só que 70% desse potencial está localizado na Amazônia. O restante do País tem que viver com os 30% que sobram.
“Isso cria problemas de abastecimento nas grandes cidades, onde a maioria das pessoas vi