Bingos: Como pegar a bandidagem?

As autoridades ainda não conseguiram pegar ninguém que lave dinheiro do bingo no Brasil. Em 1999, o governo criou o Conselho de Atividades Financeiras (Coaf) com este objetivo. Quatro anos depois o órgão denunciou 568 casos. Só não conseguiu provas para obrigar a prisão de ninguém. E as maracutaias existem.

A Associação Brasileira dos Bingos, por exemplo, afirma que o setor movimenta R$ 200 milhões por ano. É mentira. Um grupo interministerial criado pelo governo para investigar os bingos com a participação de promotores federais, descobriu que eles faturam pelo menos R$ 5 bilhões. O problema é que não conseguiu provar.

Não é o caso de generalizar e concluir que todas as casas de bingo têm ligações com o narcotráfico ou outras atividades mafiosas. Mas não há dúvida que exista bandidagem. No fim dos anos 90, a polícia italiana avisou o governo brasileiro que as máquinas caça-níqueis que chegavam ao Brasil eram mandadas pela máfia da Itália.

A polícia italiana descobriu ainda que a máfia mandou 11 mil máquinas de jogos eletrônicos para o Brasil e espalhou por bares, boates, casas de jogos, hotéis e inferninhos de strip-tease. Descobriu também remessa de dinheiro. A primeira foi rastreada a partir da Europa.

O esquema foi revelado pelo mafioso Lillo Lauricella. Pouco depois, o carro em que ele estava foi fechado por uma Cherokee, cinco pistoleiros desceram e dispararam 18 tiros em sua direção. Sete o acertaram e o mataram. Sem provas.