Bolsa Família e salário mínimo ajudam classe média a crescer, diz OIT
Enquanto a crise econômica global causa desemprego em países ricos, as nações emergentes, como o Brasil, estão com seu mercado de trabalho numa situação melhor. A avaliação é da Organização Internacional do Trabalho (OIT), no relatório “O Mundo do Trabalho 2013: Reparando o Tecido Econômico e Social´.
Sobre o Brasil, um dos destaques da organização no relatório foi o crescimento de 16 pontos percentuais da classe média entre 1999 e 2010. Segundo a OIT, isso foi ajudado pelo fortalecimento do salário mínimo e do Programa Bolsa Família.
O conceito de classe média da OIT é muito amplo. A organização considera classe média quem ganha de US$ 4 por dia (R$ 8,50 ou R$ 255 por mês) a US$ 50 por dia (R$ 106,81 por dia ou R$ 3.200 por mês).
A definição de classe média não é unânime e varia de acordo com cada entidade. Para o governo brasileiro, por exemplo, a classe média é integrada por quem tem renda mensal entre R$ 291 e R$ 1.019. Já o Instituto Data Popular considera integrantes da classe média aqueles com renda individual entre R$ 324 e R$ 1.387.
Para a organização, essas duas políticas explicam a redução da pobreza no país e o fortalecimento da economia nacional.
No entanto, a OIT aponta problemas que ainda precisam ser resolvidos no Brasil: aumentar o número de trabalhadores com carteira assinada, elevar a produtividade, promover mais investimentos e reajustar os salários acima da inflação.
Os países desenvolvidos, por outro lado, estão em uma situação que pode se tornar “preocupante”, a despeito da recuperação econômica desde 2009, ano em que começou a crise financeira internacional. De acordo com o documento, na América Latina e no Caribe, registrou-se em 2012 taxa de emprego, em média, 1% superior à de 2008, ano anterior à crise. Na região, essa taxa atingiu 57,1% ao fim de 2012.
“Nos países em desenvolvimento, o desafio mais importante é consolidar os recentes progressos na redução da pobreza e da desigualdade”, informou, em nota, o coordenador do relatório, o diretor do Instituto Internacional de Estudos de Trabalho da OIT, Raymond Torres.
A organização citou o estabelecimento de um piso salarial –por meio da fixação de salários mínimos– e de políticas de proteção social como essenciais para a situação atual desses países.
Falta de emprego nos países ricos achata classe média, diz OIT
Em relação aos países desenvolvidos, constatou-se que a desigualdade de renda da população aumentou nos últimos dois anos. A principal justificativa foi o crescimento dos níveis de desemprego no mundo.
A expectativa é que os atuais 200 milhões de desempregados cheguem a 208 milhões em 2015. Na última semana, a União Europeia registrou 26,5 milhões de desempregados.
“A situação em alguns países europeus, em particular, está começando a forçar o seu tecido econômico e social. Precisamos de uma recuperação global, focada em empregos e investimentos produtivos, combinada com melhor proteção social para os grupos mais pobres e vulneráveis”, disse, em nota, o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.
Para a organização, outro fator que atrasa a recuperação da geração de empregos nos países desenvolvidos é a falta de investimentos possivelmente gerados a partir de lucros. No último fim de semana, houve manifestações em mais de 100 cidades europeias contra políticas de redução de custos.
Segundo a OIT, apenas um terço dos investimentos globais em 2012 foram feitos por países de alta renda. Os países emergentes, em comparação, foram os responsáveis por mais de 47% dos investimentos no mesmo ano.
“Há uma clara relação entre o investimento e o emprego. Melhorar a atividade de investimento é crucial para permitir que as empresas aproveitem as novas oportunidades para se expandir e contratar novos funcionários”, explicou o coordenador do relatório, Raymond Torres.
Como forma de reduzir os impactos negativos da conjuntura de fraco desempenho econômico e escassez de postos de trabalho, a OIT sugere que sejam eliminadas as crenças negativas sobre as intervenções dos governos no crescimento econômico e a capacidade que elas têm de diminuir a má distribuição de renda entre a população.
Outro ponto importante, de acordo com a organização, é o estímulo ao diálogo social entre empregados, empregadores e o governo para gerar melhorias no mercado de trabalho.
Do Uol Economia