Brasil, ciência e vacina
Em 1940, um estudante de medicina brasileiro conheceu sua mulher, uma austríaca fugitiva do nazismo. Os dois se interessaram por parasitologia e começaram a estudar o nosso mais famoso: Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas.
Foram à Europa e aos Estados Unidos e, por causa do golpe de estado de 1964, por lá ficaram. Continuaram em pesquisa, ele em complemento (uma área importante da medicina) e ela em malária, mas logo se uniram para produzir uma vacina contra a malária.
Estudando a biologia do parasita, identificaram uma proteína promissora, CSP, que deu origem à primeira vacina, RTS,S. Hoje, uma evolução dessa vacina, R21/Matrix-M, desenvolvida pela Universidade de Oxford e outras, foi aprovada para a vacinação de crianças na África subsaariana, onde a doença mata cerca de meio milhão de crianças por ano.
Embora de eficácia baixa pela complexidade de uma vacina contra parasita (contra vírus é muito mais simples), a Mosquirix (nome da vacina) chegou a uma eficiência de 75%, ajudando a reduzir em 70% as formas mais graves da doença.
Tudo por causa de Ruth Sonntag Nussenzweig, a pesquisadora, e seu marido, Victor Nussenzweig, um brasileiro, cujas pesquisas iniciaram o processo de criação da vacina. Esse é um retrato do Brasil que faz ciência.
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Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente