Brasil demorou quatro séculos para colocar fim da miséria como prioridade, diz Dilma
Ao lançar programa, Dilma elogiou Lula e disse que pobreza é a maior crise que vivemos
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
A presidente Dilma Rousseff lançou nesta quinta-feira (2) o Brasil sem Miséria, plano contra a pobreza alardeado como sua principal política de governo. A presidente reafirmou legado de Lula e disse que miséria demorou quatro séculos para virar prioridade do governo.
Numa referência indireta ao mau momento, suscitado por suspeitas sobre seu principal ministro, Antonio Palocci (Casa Civil), Dilma enfatizou que o maior problema e a maior crise do país é a continuidade da miséria.
– Se somos capazes de dar atenção aos problemas e crises que se instalam pela vida, não podemos nos esquecer da crise mais permanente, mais desafiadora, do problema maior desse país e mais angustiante, de termos a pobreza crônica ainda instalada em nosso país.
Num discurso de quase 37 minutos, que fugiu do tom burocrático de costume, Dilma usou frases de efeito para repetir a lição, tantas vezes ditas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que “a melhor forma de crescer é distribuir renda”.
Ela ressaltou o legado do antecessor de tirar da pobreza 28 milhões de pessoas e elevar outras 32 milhões às classes médias.
– O Brasil sem Miséria ecoa o trabalho, a voz e o empenho do presidente Lula, cujo governo eu tive a alegria de coordenar e participar com ele e a honra de sucedê-lo.
Mas reforçou a necessidade de erradicar outros 16,2 milhões de miseráveis, alvos do plano, que “recria, renova, amplia e especialmente integra vários programas sociais”.
No início, a presidente disse que a erradicação da pobreza extrema é a “porta de entrada” do Brasil no século 21. Mais à frente, ao fazer um retrospecto histórico, disse que o país demorou quatro séculos para dar prioridade ao problema.
– Nossos pobres já foram acusados de tudo, inclusive de serem responsáveis pela sua própria pobreza. […] Já disseram que se nós déssemos Bolsa Família, eles se conformariam com a pobreza.
A presidente agradeceu os prefeitos e governadores e conclamou não apenas eles para participar do combate à miséria. Disse que essa é “uma tarefa de todos os brasileiros e brasileiras desse país”.
Plano quer tirar 16 milhões da pobreza
O novo programa, uma de suas principais promessas de campanha de Dilma, pretende tirar mais de 16 milhões da pobreza extrema. Ele vai ampliar o Bolsa Família a 1,3 milhão de crianças e adolescentes no país e terá o Nordeste como alvo das novas políticas.
Uma das ações do Brasil Sem Miséria é ampliar o Bolsa Família. Dilma Rousseff assinou hoje uma medida provisória que aumenta de três para cinco o limite do número de crianças e adolescentes com até 15 anos que recebem o benefício, hoje em R$ 32 por mês. Com a medida, 1,3 milhão será incluído no programa, que hoje atende a 15,7 milhões.
Segundo a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, há 16,2 milhões de brasileiros na extrema pobreza. As diretrizes do novo programa são ações de transferência de renda, acesso a serviços públicos nas áreas de educação, saúde, assistência social, saneamento e energia elétrica.
A ministra declarou que o público-alvo do Brasil Sem Miséria será o Nordeste: 60% dos brasileiros em extrema pobreza vivem na região; 40% têm até 14 anos e 47% estão na área rural.
Do R7