Brasil deve crescer de 3% a 4% em 2013, diz Mantega
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou que a atividade econômica mundial deve se recuperar em 2013, embora de forma modesta.
O Brasil, disse, “tende a acelerar seu crescimento”, pois os estímulos ao consumo estão fazendo efeito. O momento, afirmou, é de incentivar investimentos.
O ministro estimou que a economia brasileira deve crescer entre 3% e 4% neste ano, com inflação menor que os 5,84% registrados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2012.
A previsão do ministro, tanto para a atividade quanto para os preços, está em linha com a estimativa da expectativa do mercado mostrada no último boletim Focus, divulgado na quarta-feira de Cinzas pelo Banco Central: a mediana das previsões para o IPCA está em 5,71% para 2013. Já para o crescimento da economia, a previsão do Focus para este ano é de 3,09%.
“Neste ano estamos dando mais estímulos ao investimento. Para o consumo já foram dados e estão fazendo efeito. Em janeiro, a indústria automobilística vendeu muito bem, assim como a indústria [linha] branca”, afirmou a jornalistas antes de participar da reunião de ministros de Finanças do G-20, em Moscou.
Mantega disse esperar que os momentos difíceis pelos quais a economia mundial passou em 2012 tenham ficado para trás. “Há sinais de melhora mesmo na economia europeia, e também nos Estados Unidos e na Ásia”, disse.
Segundo o ministro, uma das questões que estavam atrapalhando a economia mundial era o risco de uma crise financeira na Europa, liderada por Grécia e Espanha, que, em sua opinião, foi afastado.
“Tirou-se um incômodo, que era o nervosismo do mercado, que atrapalha a atividade econômica. Isso possibilitará que a situação melhore”, afirmou. Ele ponderou, contudo, que o dinamismo da economia mundial continua comprometido pela estratégia de política fiscal contracionista dos países europeus.
“A aposta deles é de que basta uma política fiscal [contracionista] que voltará a confiança e as pessoas voltarão a consumir e a investir. Não acredito que seja assim. As economias europeias continuam travadas”, disse.
Para Mantega, o ajuste fiscal é necessário, mas os europeus deveriam fazê-lo num espaço de tempo maior. “Se estabelecem timing muito rápido, vão continuar cortando despesas e reduzindo investimentos e não ha nenhum estimulo à economia. É até contraproducente, porque um dos antídotos [para a crise] é a retomada do PIB”, disse. Nos EUA esse problema também se coloca, embora em menor grau, considerou o ministro.
Para baixo
Em meio à crise, todos os países, incluindo asiáticos e Brasil, se adaptaram a uma situação de menor crescimento da economia mundial, na opinião de Mantega. “A China deu uma baita desacelerada. A produção industrial caiu numa linha de 45% graus desde 2010 e se agora se estabiliza. O PMI começa a ser positivo agora. E os demais estão asiáticos acompanhando isso. Isso vale também para as economias americanas, todo mundo está fazendo adaptação para baixo”, disse.
Banco de desenvolvimento
O ministro afirmou que a crise aproximou os países que fazem parte do Brics, que além de Brasil, agrega Rússia, Índia, China e África do Sul, e que esse grupo está fazendo progressos para estabelecer um banco de desenvolvimento. Essa instituição pode entrar em operação dentro de um ano, afirmou.
Para Mantega, instituições como o Banco Mundial e o Banco de Desenvolvimento Asiático não têm fundos suficientes para suprir as necessidades das economias emergentes. “Inicialmente, o banco envolveria apenas os Brics, mas depois pode se expandir para a participação de outros países”, afirmou.
Em março, representantes dos Brics devem se reunir na África do Sul para discutir os detalhes desse banco de desenvolvimento e onde será localizada sua sede.
Do Valor Econômico