Brasil e Índia são países mais atrativos dos Brics
A fuga de capitais do Brasil não preocupa o megainvestidor americano Sam Zell. Segundo ele, o movimento traz a possibilidade de gastar menos por projetos. O empresário disse hoje que, como o dólar é valorizado, pode pagar mais barato em seus investimentos no país.
Para Sam Zell, que é presidente do Equity Group Investments, o país continua sendo ótimo para se aplicar recursos. Dentro dos Brics, por exemplo, grupo que reúne ainda Rússia, Índia e China, só o mercado indiano seria mais atrativo do que o brasileiro.
“Não vou comprar nada na Rússia, ninguém quer investir lá. E a China já se tornou tão povoada de investidores que o retorno já não parece tão bom”, afirmou Sam Zell durante evento organizado pelo Global Real Estate Institute (GRI), em São Paulo.
O especialista em investimentos imobiliários lembra que as chances de crescimento no Brasil são grandes. Há autossuficiência de vários recursos naturais, como alimentos e água, e a sociedade está em processo de amadurecimento.
Sam Zell explica que o mercado consumidor não perde ritmo na mesma toada da economia porque a população aspira a novos produtos, à medida que a sociedade evolui. “Por isso, não vemos as vendas do varejo tão limitadas quanto a alta do PIB”, comentou.
Sobre o pessimismo com o ambiente político, o empresário reclamou do aumento do nacionalismo na economia. Para ele, mesmo que a confiança dos investidores estrangeiros seja justificada, o cenário não é tão negativo.
Ele elogiou o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por conseguir melhorar a distribuição de renda e práticas de livre mercado, mas disse que até agora Dilma Rousseff não soube controlar essa balança.
“Eu falava que, apesar de o governo do Lula ser social, ele sabia lidar com o mercado. Eu gostava dele. Mas agora as coisas parecem ter mudado um pouco, como vemos no tamanho do nacionalismo econômico, por exemplo.”
O investidor não se mostrou preocupado com a carga tributária ou denúncias de corrupção no Brasil. Sam Zell pensa que todo país tem, em alguma medida, esse tipo de problema, mas que a questão é entender o escopo de cada mercado para saber aplicar os recursos.
O empresário também afirmou que leva muito em conta a possibilidade de montar escala ao tomar decisões sobre seus investimentos. Como o território brasileiro é muito extenso e a população também é grande, não há esse problema aqui, mas Sam Zell disse que ainda tenta melhorar essa relação na Turquia e na África, por exemplo.
Em palestra durante o evento, o investidor revelou que está em vias de fechar uma grande operação de compra que envolve empresas africanas e que esse será um bom teste para saber se é possível ganhar escala no continente. A ideia é tentar se inspirar no modelo de operadoras de telefonia, que possuem atividades em vários países que dividem a mesma fronteira na África.
Na América Latina, Zell acredita que o mercado imobiliário traz relação mais atrativa entre risco e retorno na Colômbia. Ele prevê que em pouco mais de um ano os mercados colombiano, chileno e peruano estarão tão integrados que esse tipo de investimento será mais vantajoso do que no Brasil.
“Adoramos países como a Colômbia, que estão atrás do grau de investimento [de agências de classificação de risco]. Eles têm disciplina, se comportam fiscalmente e isso é ótimo”, disse Sam Zell. “Quando chegamos ao Brasil, e também no México, esse era o cenário, e foi muito bom. Precisamos apenas criar alternativas para aumentar a liquidez na Colômbia.”
Do Valor Econômico