Brasil fecha proposta para livre comércio com a União Europeia
A proposta brasileira para o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia vai englobar entre 85% e 90% do comércio bilateral entre o Brasil e o bloco.
Os produtos terão um cronograma gradual de redução da tarifa de importação, com diminuição das alíquotas a cada dois anos até que cheguem a zero.
Boa parte deve atingir a meta final em dez anos. Os que ainda precisam de um prazo maior de proteção serão colocados num calendário de até 15 anos.
Segundo assessoria presidencial, a proposta, que deve ser aprovada hoje pela Camex (Câmara de Comércio Exterior), “vai ficar acima de 85% e perto dos 90%” pedidos pelos europeus.
Ficam de fora setores de serviços e de compras públicas, medicamentos, equipamentos da área de saúde e químicos.
Após a aprovação pela Camex, o Brasil vai ouvir os parceiros do Mercosul. A avaliação é que Uruguai e Paraguai estão dispostos a aderir, mas a Argentina pode fechar sua proposta em outra etapa.
A ideia é que, ao final, os países do Mercosul formatem uma proposta única. O governo brasileiro não descarta, contudo, encaminhar uma proposta individual no final deste ano para os europeus.
Segundo um técnico, pode ser negociado um acordo do Mercosul com a União Europeia com cronogramas diferenciados para cada país da região. A Venezuela, por exemplo, já sinalizou aos membros do bloco que ficará de fora da oferta inicial.
A proposta brasileira vai ser “agressiva”, contemplando setores industriais. O Brasil espera que a Europa seja capaz de avançar principalmente numa proposta de redução das tarifas de importação na área da agricultura, onde são mais protecionistas.
O Brasil tem sido criticado por analistas por não avançar em negociações bilaterais de livre comércio, enquanto seus vizinhos na América do Sul têm fechado acordos.
Estudos do setor empresarial apontam que um acordo de livre comércio com a União Europeia pode elevar em 12% as exportações brasileiras para países europeus.
A União Europeia segue como o destino de quase 20% das exportações brasileiras, com vendas de US$ 34,2 bilhões até setembro. No ano, no entanto, o país registra deficit comercial com o bloco, de quase US$ 4 bilhões.
Da Folha de São Paulo