Brasil largou atrás, mas tem potencial para ser líder em hidrogênio verde
Tema da segunda reportagem da série do Estadão sobre projetos de transição energética no Brasil, o hidrogênio verde é a grande aposta do mundo para substituir os combustíveis fósseis e reduzir as emissões de carbono do planeta. O mercado é promissor para o Brasil, que pode oferecer um dos hidrogênios mais competitivos do mundo. E a história da alemã Neuman & Esser em Belo Horizonte é uma alegoria do que ocorre no País: o potencial é alto, com promessa de empregos e investimentos, interesse estrangeiro, e os projetos ligados ao hidrogênio verde têm tudo para sair do papel. Mas ainda não saíram.
No mundo inteiro, países correm para fazer a produção de hidrogênio verde deslanchar. Na semana passada, a Enap, estatal chilena de óleo e gás, anunciou que a empresa Neuman & Esser será responsável por construir uma planta de hidrogênio verde que deve começar a operar em 2025. “Se o Brasil está preparado para aproveitar essa oportunidade? Ele está se preparando. Outros países estão numa velocidade muito maior. Só que outros países não têm as características favoráveis que o Brasil tem”, afirma o pesquisador e professor da Universidade Federal de Santa Catarina Ricardo Rüther.
O hidrogênio precisa usar fontes de energia renováveis para ser considerado “verde”. É como o Brasil sai na frente. No mundo, fontes renováveis como solar e eólica correspondem a 2,7% da matriz energética. Quando são somadas a fonte hidráulica e a biomassa, essa fatia chega a 15%. No Brasil, com a diversidade de fontes renováveis, opção pelas hidrelétricas e uso de biomassa de cana-de-açúcar, a energia de fontes renováveis já corresponde a 47,4% da matriz.
O Nordeste se destaca ainda mais pela localização, que facilita a exportação do produto para a Europa e por ter uma matriz energética mais limpa do que a média brasileira. Até agora, Estados da região têm concentrado os anúncios de projetos de usinas de hidrogênio, com o Ceará em primeiro lugar. O porto de Pecém se prepara para ser o principal polo do combustível no Brasil. Há cinco pré-contratos para construção de usinas de hidrogênio verde anunciados, que somam US$ 8 bilhões (R$ 40 bilhões) de investimento.
Do O Estado de São Paulo