Brasil pode se beneficiar da sobrevida do motor a combustão

País tem potencial para se tornar polo exportador para Oriente Médio e África

Ao mesmo tempo em que se preparam para fornecer componentes para as futuras linhas de montagem de modernos veículos híbridos e elétricos, os fabricantes de autopeças percebem a oportunidade de aproveitar o conhecimento brasileiro em carros e motores a combustão para fazer do país um polo exportador para mercados que ainda usarão esse tipo de veículo, como vizinhos da América Latina e países do Oriente Médio e África.

Essa chance se tornou ainda mais real com a recente regulamentação do Mover, programa de incentivos do governo federal para o setor automotivo. O Mover permite a importação de linhas de montagem com impostos reduzidos. Para Claudio Sahad, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes (Sindipeças), o benefício traz a oportunidade de o Brasil trazer da Europa e Estados Unidos linhas que começam a ser desativadas para dar lugar às que produzem carros elétricos.

Segundo ele, isso não significa deixar de investir nos projetos dos carros mais modernos “São ações paralelas, que podem ajudar a incrementar as exportações”, afirma o dirigente. Há poucas semanas, representantes do setor automotivo encaminharam ao governo um estudo mostrando que o Brasil não está sozinho nessa disputa. Outros sete grandes produtores de veículos estão de olho nesse filão: Índia, China, Tailândia, Turquia, República Tcheca, Japão e México.

O objetivo de compartilhar essas informações com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, além de outros órgãos do Executivo, é levar as preocupações do setor em relação à desvantagem brasileira em custos de produção. Segundo Sahad, o estudo, organizado pela McKinsey, fez uma análise de competitividade. Entre os oito países com potencial para disputar o fornecimento global de veículos a combustão, o Brasil fica no sétimo lugar na comparação de custos, no sexto em incentivos fiscais e aparece em último lugar no quesito acordos comerciais.

Do Valor Econômico