Brasil pode ter poder real, diz especialista

Enquanto Lula tinha um índice de aprovação de 76,2% em março, Obama conta 61%, Gordon Brown com 23% e Nicolas Sarkozy tem 49%

Para os analistas políticos, os comentários sobre Luiz Inácio Lula da Silva feitos pelo presidente americano, Barack Obama, são um sinal de que o Brasil está começando a ter alguma influência real entre as nações. “Apareceram indicações, nos últimos meses, de que Lula se encontra acima de qualquer outro líder não só na América Latina como no mundo”, afirma Albert Fishlow, professor emérito da Universidade Columbia e da Universidade Berkeley.

E, na avaliação de especialistas, Obama pode estar certo quando aponta Lula como o presidente mais popular atualmente. Enquanto o brasileiro tinha um índice de aprovação de 76,2% em março, de acordo com a pesquisa CNT/Sensus, o americano contava 61% ontem, segundo a medição diária do Gallup. O britânico Gordon Brown estava com 23% no fim do mês passado e o francês Nicolas Sarkozy tinha 49% em janeiro, segundo os dados mais recentes. O venezuelano Hugo Chávez estava com 61%, pelo Datanalisis.

Moderação
“Os brasileiros geralmente não gostam de ouvir isso, porque acham que o presidente comete gafes e ficam com receio de que passe uma imagem ruim do País, mas quem observa de fora vê o Lula como um líder respeitado, simpático, moderado -em meio a tantos descontrolados entre seus vizinhos- e que está à frente de uma nação de enorme potencial econômico”, diz Thomas Trebat, diretor-executivo do Instituto para Estudos Brasileiros da Universidade Columbia, nos EUA. “Entretanto, o ganho de poder é um longo processo. O país precisa levantar a voz e ser agressivo nas reivindicações.”

Fishlow concorda: “No final deste ano, no começo do próximo, será o momento de o Brasil avançar nas negociações de Doha e em outras áreas nas quais tem interesse legítimo, como o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).” Não é fácil abraçar o papel de protagonista verdadeiro, ressalva o pesquisador. “É preciso assumir posições claras diante das questões e se comprometer.”

Da Folha de S. Paulo