Brasil prepara marco regulatório para baterias e armazenamento de energia

Setor cresce rapidamente e deve chegar a 25 GW até 2030, impactando a eletromobilidade

O armazenamento de energia vive um momento de virada no Brasil. Impulsionado por tarifas elevadas de eletricidade, instabilidade no fornecimento e a busca por maior autonomia, o setor deve crescer de forma exponencial até 2030 — mesmo sem um marco regulatório consolidado. A Associação Brasileira de Soluções de Armazenamento (ABSAE) projeta 25 GW de capacidade instalada e investimentos da ordem de R$ 44 bilhões no período.

Esse movimento tem relação direta com a expansão da geração solar distribuída, a necessidade de confiabilidade no sistema elétrico e o avanço da eletromobilidade. Tecnologias como o vehicle-to-grid (V2G) e o vehicle-to-home (V2H) começam a ganhar espaço na agenda de empresas e especialistas, aproximando a infraestrutura de baterias estacionárias do universo dos carros elétricos. A queda nos custos também acelera a adoção.

Apesar do avanço tecnológico, o setor enfrenta um desafio central: a falta de regras claras. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) abriu consulta pública em 2023, mas a regulamentação definitiva só deve ser publicada no segundo semestre de 2025. O governo trabalha em diretrizes que incluem concessões, contratos de longo prazo e remuneração pelos serviços prestados pelas baterias, como reserva de capacidade, arbitragem de energia e suporte à rede.

A expectativa é que o marco regulatório se torne um dos entregáveis do Brasil na COP 30, que será realizada em Belém em novembro de 2025. O Brasil reúne condições favoráveis — base solar em expansão, tarifas elevadas, regiões onde o fornecimento de energia é instável e uma indústria disposta a investir. O que ainda falta, segundo especialistas, é um ambiente regulatório moderno e estável que permita escalar o uso de baterias e sistemas de armazenamento de energia, garantindo confiabilidade e integração com veículos elétricos.

Do InsideEVs