Brasil quer ter influência sobre organismos internacionais
O objetivo é aumentar o poder de representação dos países emergentes e em desenvolvimento e acabar com o predomínio europeu e americano no comando das duas instituições
Depois de entrar no clube de credores do FMI, o Brasil quer, agora, influenciar nas reformas de governança da instituição e do Banco Mundial (Bird). O objetivo é aumentar o poder de representação dos países emergentes e em desenvolvimento e acabar com o predomínio europeu e americano no comando das duas instituições.
“A questão do aumento de quotas, voz e voto dos emergentes e em desenvolvimento é, para nós, o ponto crucial das reformas de governança no banco e no Fundo. É o caminho para mudar os processos decisórios nas instituições financeiras internacionais”, disse um assessor graduado do governo. A reforma, observou a fonte, exige negociações complexas, dado o número de países que integram as duas instituições – mais de 180 -, mas ela entrou na ordem do dia com a decisão do G-20 de fixar um prazo para a sua conclusão – abril de 2010, no caso do Bird, e janeiro de 2011, no do FMI.
O atual sistema de representação ignora o fato de que economias emergentes, como a chinesa, a russa, a indiana e a brasileira, possuem hoje um Produto Interno Bruto superior ao de várias nações europeias, que, ainda assim, detêm maior poder de voto tanto no FMI quanto no Bird. As reformas feitas recentemente no poder de voz e quota são consideradas insuficientes.
No FMI, decidiu-se, em abril do ano passado, transferir apenas 2,7% dos votos dos países ricos para os demais. No caso do Banco Mundial, a transferência, aprovada em outubro de 2008, foi de apenas 1,3% dos votos. “Esse é o nosso foco na área de reforma de governança”, disse um integrante da equipe econômica.
O processo de seleção dos dirigentes das instituições multilaterais é um outro aspecto da reforma de governança. O Brasil, assim como a grande maioria dos países, defende a adoção de processos mais abertos de seleção. Desde a sua fundação, o FMI é comandado por europeus e o Banco Mundial, por americanos.
No Fundo, o primeiro vice-diretor é sempre um americano, o segundo vice é um japonês e o terceiro, representando os países em desenvolvimento, é uma escolha pessoal do diretor-gerente – o atual é o brasileiro Murilo Portugal, nomeado em 2006 para a função pelo então diretor-gerente do FMI, o espanhol Rodrigo de Rato. O governo brasileiro acredita que, se o processo de escolha dos dirigentes passar a ser aberto, os países emergentes e as nações em desenvolvimento passarão a ter maior importância na definição dos rumos da instituição.
Do Valor Econômico