Brasil registra recorde histórico de feminicídios em 2024

Mapa da Segurança Pública revela aumento expressivo na violência contra a mulher, com média de quatro feminicídios por dia

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O Brasil atingiu, em 2024, o maior número de feminicídios já registrado desde o início da série histórica, de acordo com dados do Mapa da Segurança Pública de 2025, divulgados ontem pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.

No total, foram contabilizados 1.459 casos de feminicídio ao longo do ano passado — o que corresponde a uma média de quatro mulheres assassinadas por dia. O crescimento interrompe a leve redução verificada em 2023, consolidando a escalada da violência de gênero no país.

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A diretora executiva do Sindicato, Andréa de Sousa, a Nega, destacou que dar visibilidade ao assunto é uma forma de ajudar na conscientização. “Precisamos falar sobre isso, porque só com conscientização vamos conseguir, de alguma forma, acabar com a violência. Não podemos aceitar que mulheres sofram violência doméstica e percam a vida. Estamos falando de vidas interrompidas, de mães, filhas, companheiras que são assassinadas simplesmente por serem mulheres. Isso não é violência isolada, é reflexo de uma cultura machista, patriarcal e misógina”.

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A dirigente ressaltou ainda que a lei Maria da Penha é essencial mas precisa ser melhorada. “Precisamos criar mecanismo de políticas públicas que realmente combatam esse tipo de violência e punição exemplar para os agressores. Não aceitamos isso, temos que dar um basta à violência. Chega de feminicídio! Nossas vidas importam. Nenhuma a menos! Seguiremos de punho cerrado, com coragem e solidariedade, na luta por um Brasil mais justo e seguro para todas nós”.

Apoio e acolhimento

“Ser companheira ou companheiro é caminhar lado a lado, oferecendo apoio nos momentos difíceis. Por isso, se você, companheira metalúrgica, estiver enfrentando qualquer tipo de violência, não se cale. Nos procure, estamos aqui para te ouvir e buscar, juntos, uma forma de ajudar”, finalizou Andrea.

Estupros

Além dos feminicídios, os casos de estupro também avançaram e chegaram a 83.114 registros em 2024, o maior volume dos últimos cinco anos. Isso significa que, em média, 227 pessoas foram estupradas por dia, sendo 86% das vítimas do sexo feminino. Em números absolutos, o estado de São Paulo liderou com 15.989 ocorrências, enquanto Rondônia teve a maior taxa proporcional: 87,73 casos por 100 mil habitantes, seguido de Roraima (84,68) e Amapá (81,96).

Redução em outros indicadores criminais

Apesar da piora nos índices de violência contra a mulher, o levantamento apontou redução em outros indicadores criminais. Os homicídios dolosos, por exemplo, caíram 6% em relação a 2023, passando de 37.754 vítimas para 35.365 em 2024 — mantendo a tendência de queda iniciada em 2020. Por outro lado, as tentativas de homicídio cresceram 7%.

Os latrocínios, que são os roubos seguidos de morte, também registraram queda: foram 956 vítimas em 2024, redução de 1,6%. As mortes decorrentes de intervenções policiais diminuíram 4%.

Nos crimes patrimoniais, o recuo foi ainda mais expressivo. O roubo de cargas caiu 13,6%, o furto de veículos, 2,6%, o roubo de veículos, 6% e os roubos a instituições financeiras despencaram 22,5%.