Brasil se consolida como importante ator global, diz mídia internacional

De janeiro a setembro deste ano, o país foi citado em 2.367 reportagens no mundo; o tom era favorável em 80% das matérias. Segundo pesquisa, "a visão do Brasil está mudando muito até na questão política, porque o país aparece também como ator global, principalmente pela atuaçao do presidente Lula, que tem uma imagem boa la fora"

Lula e o chefe do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero

 

 

A reação rápida do Brasil à crise econômica mundial, demonstrada por um crescimento do PIB maior que o dos países desenvolvidos no terceiro trimestre, fez com que o Brasil se consolidasse como um importante ator no cenário internacional no ano de 2009, conforme se pode perceber na maneira como o país foi tratado pela imprensa de diferentes regiões do planeta. Segundo um levantamento realizado por uma agência brasileira, deve haver em 2009 mais de 3.000 referências ao país em 14 das principais publicações do mundo. E, na maioria delas, a visão tem sido positiva.

O Boletim Brasil é realizado pela Imagem Corporativa, agência que monitora desde o início do ano todas as reportagens relacionadas ao Brasil em 14 jornais internacionais, publicando os resultados em relatórios trimestrais. De janeiro a setembro, o país foi citado em 2.367 reportagens, e 79,8% delas tinham teor favorável ao país, destacando a diminuição na vulnerabilidade da economia interna e a rápida reversão do quadro de crise.

“Este quarto trimestre está seguindo a mesma linha. Estamos percebendo um aumento no número de matérias, por mais que não possa garantir que o número total no fim do mês vai ser maior de que nos anteriores, mas há muitas matérias falando sobre o Brasil na imprensa internacional”, disse Fernanda Arimura, coordenadora da pesquisa que envolve o trabalho de oito pessoas. Segundo ela, a principal tendência ao longo do ano é a consolidação da visão do Brasil como ator global. “Isso está presente desde o primeiro boletim, mostrando a posição diferenciada em relação à crise.”

Os relatórios publicados ao longo do ano mostram uma melhora na imagem do Brasil nas reportagens. Nos três primeiros meses, por exemplo, apenas 73% dos textos que se referiam ao país tinham tom positivo. “No começo do ano, havia uma forte referência da vulnerabilidade do Brasil, matérias mostrando que o país é vulnerável para investimentos, mostrando a queda da Bovespa, por exemplo. Pelo menos 13% das reportagens no primeiro trimestre tratavam disso, mas este assunto esteve apenas em 2% das matérias no terceiro trimestre, num movimento que acompanhou a crise, mudando a percepção do Brasil no mercado internacional.”

O impacto do anúncio do crescimento PIB brasileiro, na última quinta-feira (10), entretanto, ainda não havia sido estudado pela agência. Os dados analisados são coletados nas versões impressas das publicações, não dando conta do ritmo de divulgação de notícias pela internet em tempo real.

Política

Segundo a coordenadora da agência responsável pelo levantamento, por mais que o foco principal da atenção dada ao Brasil ao longo do ano seja em relação à economia, o estudo do tratamento dado ao país na mídia internacional mostra também uma visão positiva da política brasileira.

“A visão do Brasil está mudando muito até na questão política. O país aparece também como ator global, principalmente pela atuaçao do presidente, que tem uma imagem boa la fora. Só em alguns momentos, como no caso de Honduras, há referências negativas, mas no geral a imagem é positiva, de alguém que tem um papel relevante, que é ouvido e que é considerado”, disse. Ela nega, entretanto, qualquer motivação política do trabalho, que é voltado para oferecer informações às empresas clientes da agência, muitas das quais têm atuação internacional.

Segundo Arimura, a agência já fazia outros tipos de análise da imprensa internacional, tratando de setores da economia, como o automotivo, por exemplo. O trabalho iniciado em 2009, entretanto, busca uma visão mais generalizada de como o Brasil é visto no exterior. “Procuramos identificar jornais importantes, de locais relevantes e que conseguíssemos acessar no Brasil. Primeiro selecionamos as regiões que precisávamos acompanhar, e depois os veículos.”

O Boletim Brasil é produzido pela agência de comunicação Imagem Corporativa com base no monitoramento de 14 jornais internacionais: Asahi Shimbun (Japão), China Daily (China), Clarín (Argentina), El Mercurio (Chile), El País (Espanha), Financial Times (Reino Unido), The New York Times (EUA), Le Monde (França), RIA Novosti (Rússia), The Economist (Reino Unido), The Times of India (Índia), “The Economic Times of India”, Wall Street Journal (EUA) e Washington Post (EUA). Ele reúne e analisa referências ao Brasil em reportagens de política e economia com o objetivo de apontar a percepção da mídia internacional sobre o país.

Segundo a coordenadora, entretanto, nem sempre está claro na reportagem o tom positivo ou negativo, e é preciso discutir a ideia transmitida pelo texto. “Oito pessoas trabalham neste levantamento. São muitas matérias, e precisamos dividir o trabalho. às vezes precisamos discutir para saber se a matéria é positiva ou negativa, pois nem sempre é muito claro o tom e a forma como o Brasil é tratado. Uma matéria sobre o acidente aéreo [do voo 447], por exemplo, pode ter um tratamento positivo, por mais que seja uma reportagem naturalmente negativa.”

Do G1