Brasil será o menos afetado pela crise entre as grandes economias, diz OCDE
Na análise da Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico, divulgada nesta sexta-feira (5), País não terá uma forte desaceleração da sua atividade nos próximos seis meses, ao contrário do que deverá ocorrer com China, Índia e Rússia
O Brasil é a única grande economia analisada no Indicador Composto Avançado (CLI, na sigla em inglês), divulgado nesta sexta-feira (5) pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que, segundo uma previsão da organização, não terá uma forte desaceleração de sua atividade econômica nos próximos seis meses.
Para o Brasil, a OCDE prevê uma “leve desaceleração”. Já em relação à China, Índia e Rússia, as perspectivas de crescimento econômico para os próximos seis meses “se deterioraram consideravelmente” e esses países agora “devem enfrentar uma forte desaceleração”, segundo a organização.
Ou seja, a economia desses países continuará crescendo, mas terá uma frenagem acentuada, de acordo com as conclusões do Indicador Composto Avançado, elaborado para detectar viradas no ciclo econômico.
Para o economista brasileiro Marcos Poplawski Ribeiro, professor de finanças internacionais do Instituto de Estudos Políticos de Paris e pesquisador do Centro de Estudos, Perspectivas e Informações Internacionais (Cepii, na sigla em francês), o cenário econômico mais otimista em relação ao Brasil pode ser explicado pelo fato de que a demanda interna continua forte no país.
“A diminuição do crédito no Brasil já acontece, mas ela ainda não é tão forte como nos outros países. Por enquanto, os consumidores brasileiros continuam comprando, o que estimula a atividade econômica”, disse Ribeiro à BBC Brasil.
A questão, segundo ele, é saber quanto tempo o consumo interno poderá continuar aquecido. “Os dados atuais de fuga de capital externo do Brasil devem levar a uma diminuição mais acentuada do crédito, o que causará a redução da demanda”.
Segundo ele, a diminuição do crédito, a redução das exportações brasileiras e a queda nos preços das commodities devem começar a ter impacto no crescimento econômico do Brasil somente a partir da metade do próximo ano.
Cálculos – Para os cálculos do Indicador Composto Avançados, a OCDE se baseia em diferentes indicadores de movimentos econômicos de curto prazo ligados ao PIB. O nível de 100 pontos é utilizado como referência para classificar o nível de atividade econômica.
Os países que sofrerem queda e ficarem com CLI abaixo de 100 recebem a classificação de “desaceleração”.
Dos 35 países analisados no Indicador Composto Avançado (29 países membros e seis não membros da OCDE), o Brasil é o único que escapa da previsão de forte desaceleração econômica.
O indicador em relação ao Brasil diminuiu 0,3 ponto em outubro de 2008 e é 0,4 ponto menor do que o registrado há um ano, segundo os dados anunciados nesta sexta-feira pela OCDE, com sede em Paris.
Mas o índice do Brasil é de 103,6 – que rendeu ao país a classificação de “leve desaceleração” pela OCDE – enquanto os das demais economias analisadas estão abaixo de 100.
No caso da China, o indicador diminuiu 1,7 ponto em outubro deste ano e está 7 pontos abaixo do nível verificado há um ano.
O Indicador Composto Avançado da Índia caiu 1,1 ponto em outubro e está 6,6 pontos abaixo do observado no período de um ano.
A maior queda ocorre em relação à Rússia. Segundo a OCDE, o índice caiu 4 pontos em outubro passado e 10,5 pontos em relação ao ano passado.
Brasil, China, Índia e Rússia não são membros da organização, que reúne 30 países. A OCDE também prevê uma forte desaceleração econômica nos países ricos nos próximos seis meses.
Os Estados Unidos tiveram uma queda de 1,2 ponto em outubro e de 6,6 pontos no nível registrado há um ano.
O indicador da zona euro revela diminuição de 0,9 ponto em outubro e de 6,3 pontos no último ano.
Em outubro, o Indicador Composto Avançado em relação ao Japão teve queda de 0,9 ponto e está 3,3 pontos abaixo do nível registrado há um ano, segundo a OCDE. BBC Brasil – Todos os direitos reservados.
BBC Brasil com Agências