Brasil tem mais 5 milhões de infectados pela Covid-19, mas podem ser 30 milhões
Levantamento da Universidade Federal de Pelotas aponta que a pandemia já infectou seis vezes mais pessoas no país
A pandemia do coronavírus alcançou ontem mais de 5 milhões de notificações no Brasil. Segundo o boletim divulgado pelo consórcio de imprensa, o Brasil tem 5.002.357 infectados e 148.304 mortos em decorrência da doença.
Porém, um levantamento realizado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) assegura que a pandemia já infectou seis vezes mais pessoas do que os números divulgados, ou seja, 30 milhões de pessoas. A estimativa vem do levantamento EpiCovid-19 que já realizou testes rápidos de coronavírus em 133 cidades dos 26 estados brasileiros, além do Distrito Federal.
“É muita gente que passa por essa situação de não saber se vai viver ou morrer”.
Moisés Selerges
“Sabendo que esse número na verdade atinge os mais pobres, fico imaginando uma família, pai e mães com os filhos na hora que um se contamina, o medo que isso representa. É muita gente que passa por essa situação de não saber se vai viver ou morrer”, lamentou o secretário-geral do Sindicato, Moisés Selerges.
O dirigente lembrou que a situação fica ainda mais difícil de lidar com o país sendo comandado por um governo que minimiza a gravidade da doença.
“Sabemos que se tivessem sido tomadas medidas sérias, se não tivessem chamado de ‘gripezinha’, não teríamos chegado a esse número. O que dói é a falta de atenção que deram pra isso, mas num país que tem gente que pensa que a Terra é plana, não é de estranhar essa postura”.
Moisés lembrou que o Maracanã antes das reformas tinha capacidade para 150 mil torcedores. “É como pensar no estádio lotado de mortos”.
“A incerteza é outra coisa que dói. A única certeza que a gente tem é que esse governo não vai fazer força nenhuma para trazer tranquilidade à população, os números que importam para Bolsonaro são só o 01, 02, 03 que têm o sangue dele”, criticou.
No dia 8 de agosto, o Brasil ultrapassou a marca de 100 mil mortes. Os Metalúrgicos do ABC participaram, na véspera, do Dia Nacional de Luta em Defesa da Vida e dos Empregos, convocado pela CUT, demais centrais sindicais, frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. Foram realizadas paralisações simbólicas de 100 minutos nos locais de trabalho, um minuto para cada mil vidas perdidas para a Covid-19.
Grupos etários extremos
As quatro primeiras fases da pesquisa realizada pela Universidade Federal de Pelotas já foram concluídas, as duas últimas, financiadas pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e pelo próprio Ministério da Saúde, devem ser encerradas em novembro.
O estudo aponta que o perfil dos infectados está mudando. Na primeira fase, as principais vítimas eram da população economicamente ativa. Agora, são de “grupos etários extremos” – jovens e idosos que estão abandonando a quarentena. Ainda assim, desde o início da pandemia, a pesquisa constata que pessoas de baixa renda são as mais vulneráveis à Covid-19.
Sus? Que Sus?
Em meio à pandemia o Brasil já teve três ministros da saúde e o atual, Eduardo Pazuello, não é da área. Tanto é o seu desconhecimento que ele chegou a afirmar ontem, durante o lançamento da Campanha do Outubro Rosa de 2020 que desconhecia o Sistema. “Eu não sabia nem o que era o SUS. Eu passei a minha vida sendo tratado em instituição pública do exército, vim conhecer o SUS a partir deste momento da vida”.