Brasil tem mais de 15 índices de inflação. Entenda

O Brasil tem mais de 15 indices de medição da inflação. Aluguel, salário, conta de luz, plano de saúde e outros preços são ajustados, cada um, com base em uma sigla diferente. Mas cada uma delas tem a sua importância, direcionamento e contribuem uma com a outra para a melhor percepção da inflação.

Em 2011, por exemplo, ocorreu um caso emblemático. A inflação oficial nacional, mensurada pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), apurada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) – subordinado ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão -, acumulou alta de 6,5%, exatamente o limite da meta do governo. Mais 0,01 ponto percentual no resultado seria o suficiente para que o trabalho da União em conter os preços fosse amplamente criticado. E foi aí que o grande número de indicadores mostrou sua real importância. Os registros de vários deles foram próximos ao que o IBGE mostrou, e ficou descartada possível manipulação da inflação.

“Não acredito que algum índice em atividade sofra manipulação atualmente”, opinou o professor de Economia Eric Brasil, da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado).

O presidente da Ordem dos Economistas do Brasil e professor da FEA/USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo), Manuel Enriquez Garcia, também é favorável ao grande número de indicadores para que a interpretação da inflação seja mais coerente. “Sem contar que alguns podem estar em condições defasadas e outros compensam, mais atualizados.”

Ele lembra ainda que os indicadores, normalmente, mostram a inflação para determinados grupos de consumo, caso do IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) e do IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna), do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), que apontam a flutuação dos preços tanto para as famílias, quanto para as empresas. “É mais perto da realidade porque lá você encontra tijolo, ferro, pão, tudo tem um pouco. A diferença entre os dois é apenas o período de coleta e alguns itens que têm em um e no outro não”, explica Garcia.

Os índices são formados por cestas de produtos e serviços destinadas às empresas e aos produtores, aos consumidores e à indústria da construção. Mas também existe diferença entre os indicadores por faixa de renda que eles atendem, destaca o coordenador do Inpes/USCS (Instituto de Pesquisas da Universidade Municipal de São Caetano), Leandro Prearo.

O Ibre/FGV sabe bem como mostrar isso, pois publica o IPC-C1 (Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1), que mostra a inflação para as famílias com renda de até 2,5 salários-mínimos (R$ 1.695). E, neste caso, quanto mais subir os preços dos alimentos de consumo básico das famílias menos abastadas, maior será a contribuição para que o IPC-C1 aumente.

“Sem contar as diferenças regionais. É necessário ter índices diferenciados, como um só para São Paulo, outros para demais regiões. O Brasil é muito heterogêneo”, avalia Prearo. Este é o caso do IPC-Fipe (Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), que capta a variação dos preços para as famílias da Capital.

Pela proximidade regional e das características das famílias, o IPC-Fipe é o indicador que mais se aproxima da inflação do Grande ABC. De 1993 até maio de 2011, o Inpes/USCS produziu um indicador de inflação regional. Mas este teve as atividades encerradas porque não se tornou um indexador de reajustes.

Por outro lado, o IGP-M, por exemplo, é o indicador mais utilizado para corrigir os contratos de aluguel imobiliário. Já o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), do IBGE, é usado para reajustar o salário-mínimo e o seguro-desemprego acima do piso. Ele também ajusta os valores dos benefícios da Previdência Social cujos valores são acima do salário-mínimo, porém, essa indexação é motivo de críticas. Como avaliou em entrevista à equipe do Diário, o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical, João Batista Inocentini, disse que o INPC não mostra a inflação real aos aposentados. E o IPC-3i (Índice de Preços ao Consumidor – Terceira Idade), do Ibre/FGV, é um dos indicadores atuais que chegam mais próximo disso.

 

Indice Geral de Preços do Marcado – IGPM
Produzido pelo Ibre/FGV (Instituto de Economia da Fundação Getúlio Vargas), é um indicador global que aponta a inflação média para empresas, consumidores e construção.

Indice de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA
Produzido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), aponta a inflação oficial para as famílias brasileiras com renda entre um e quarenta salários-mínimos.

Indice de Preços ao Consumidor Classe 1 – IPC-C1
De responsabilidade do Ibre/FGV, mostra como se comportam os preços para as famílias com renda entre um e 2,5 salários mínimos.

Indice de Preços ao Consumidor – Terceira Idade – IPC-3i
Do Ibre/FGV, aponta a variação média dos preços para as fampilias brasileiras que contam com pessoas da terceira idade. Alimentos e saúde pesam mais no indicador.

Indice de Preços ao Consumidor Fundação Instituto de Pesquisas Econômicos – IPC-Fipe
Tem característica regional, pois apresenta a inflação que atinge as fampilias da capital, e é próximo da realidade do Grande ABC.

 

Do Diário do Grande ABC