Brasil vira um dos maiores doadores a países pobres, diz Economist

Segundo a publicação britânica, país já destina US$ 4 bilhões por ano a países pobres

O Brasil está se tornando rapidamente um dos maiores provedores de ajuda a países pobres, segundo a revista britânica The Economist.

A edição desta semana traz uma reportagem intitulada “Fale suavemente e leve um cheque em branco”, em referência à “política de generosidade” brasileira. Uma ilustração mostra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva jogando dinheiro aos pobres.

Segundo a publicação, o Brasil já destina US$ 4 bilhões por ano a países pobres. “É menos do que a China, mas similar a doadores generosos como Suécia e Canadá – e, diferentemente do caso deles, as contribuições do Brasil estão aumentando”, diz a revista.

O País doou em um ano US$ 100 milhões para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, US$ 300 milhões para o Programa das Nações Unidas para a Alimentação Mundial e US$ 350 milhões ao Haiti, entre outras ações.

Mas o que realmente infla os números citados pela Economist é a ajuda do BNDES a projetos de empresas brasileiras em países pobres: US$ 3,3 bilhões.

Países desenvolvidos estão recebendo a “política de generosidade” brasileira com cautela, segundo a reportagem, porque essa atitude do País pode aumentar o seu “soft power” (capacidade de influenciar atores internacionais sem o uso da força). Por outro lado, a Economist diz que é preferível que o Brasil, um país democrático, aumente sua influência, do que a China ou a Rússia.

A reportagem diz que a ajuda tem “um sentido comercial”. “Por exemplo, o Brasil é um dos produtores de etanol mais eficientes do mundo e quer criar um mercado global de combustíveis verdes. Mas ele não pode fazer isso se for o único provedor real desse produto. Difundir a tecnologia do etanol em países pobres cria novos fornecedores, impulsiona as chances de desenvolvimento de um mercado global e gera negócios para empresas brasileiras.”

Ao final, uma crítica. Para a Economist, enquanto o País não der maior independência operacional às suas ações de ajuda, e enquanto não formula uma política coesa de ajuda, no lugar de projetos isolados, “o programa de ajuda do Brasil provavelmente permanecerá um modelo mundial em termos de espera – um símbolo, talvez, do país como um todo”.

Leia a reportagem no site da Economist (em inglês)

Do Blog Radar Econômico, do Estadão (Sílvio Guedes Crespo)