Brasil x Argentina: Uma crise inventada

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, recebeu de maneira bastante tranquila as notícias sobre uma suposta crise envolvendo o Brasil e a Argentina. “Vamos deixar pra lá. É especulação”, disse, em Paris, ao ser informado sobre o problema. Ele sabe o que fala.

Em junho haverá uma das reuniões que ocorrem a cada seis meses entre os países membros do Mercosul para revisão das metas do acordo comercial que envolve Brasil, Argentina, Bolívia e Uruguai.

Às vésperas de cada um desses encontros, setores patronais argentinos começam uma gritaria tentando pressionar o governo de seu país. Os empresários querem vantagens exclusivas nas negociações.

Como grande parte da imprensa argentina é dominada por estes setores, começam a surgir nos jornais do país vizinho notícias dando contra que as reclamações patronais são encampadas pelo governo. Estas notícias, no entanto, nunca trazem uma declaração de algum membro importante do governo. Apenas informações vagas atribuídas a “uma fonte no governo” ou algo assim. Portanto não são informações dignas de crédito.

Os empresários brasileiros, que querem vantagens, também começam seu berreiro. E tem início um processo igual ao descrito acima.

Como os setores patronais também dominam quase toda a mídia brasileira, começam a surgir por aqui o mesmo tipo de notícias que as publicadas na imprensa argentina. Essas informações são tão falsas quanto as publicadas no país vizinho. Mas são suficientes para inventar mais uma crise entre Argentina e Brasil. Falsa, como as anteriores.

Os jornais brasileiros seriam mais honestos se informassem que, no próximo dia 16, começam negociações entre os dois países e por isto, o jogo de pressões começou.