Brasileiros gastam mais com telefonia e eletrodoméstico

Gastos com telefonia já representam 3,6% do total do orçamento das famílias, que destinam, em média, R$ 187,57 no setor

Os gastos dos brasileiros com telefonia, compra de eletrodomésticos e lazer já ocupam uma parcela importante do orçamento familiar. É o que aponta a pesquisa sobre Indicadores Culturais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada nesta sexta-feira. Incluída no item cultura, os gastos com telefonia já representam 3,6% do total do orçamento das famílias, que destinam, em média, R$ 187,57 no setor. Deste valor, R$ 78,26 (um 42,4% do total) são gastos apenas com telefonia.

Com a inclusão da telefonia nos gastos com cultura, um 8,3% do orçamento familiar já é investido neste setor, perdendo apenas para habitação, alimentação e transporte. Já a aquisição de eletromésticos vem em seguida com uma parcela de 15,7% dos gastos. A pesquisa engloba seis faixas salariais distintas: até R$ 830; de R$ 830 a 1245; de R$ 1245 a R$ 2075; de R$ 2075 a R$ 4150; R$ 4150 a R$ 6225; e mais de R$ 6225.

As três faixas salariais mais baixas tendem a gastar mais em média com telefonia celular do que quem está nas três faixas superiores. Quem ganha até R$ 830 gasta em média R$ 16,42 com telefone por mês, sendo que R$ 8,53 apenas com celulares (contra R$ 7,09 no fixo e R$ 0,79 com pacotes que incluam internet). Curiosamente, apenas nas duas faixas de maior poder aquisitivo é que se encontram gastos com telefonia celular maiores que com telefonia fixa. Na faixa mais alta os gastos com celulares mais que dobram os gastos com telefone fixo: R$ 119,27 com celular e apenas R$ 65,53 com fixo.

Quando se trata de comprar eletrodomésticos, o brasileiro gasta em média R$ 28,89 por mês. Computadores e aparelhos de TV são os principais alvos do consumidor. Dentro desse valor em média o brasileiro gasta R$ 11,56 para comprar uma TV nova, R$ 11,69 para um computador, o que em termos percentuais dá um empate técnico de 6,3 na preferência entre um ou outro. O nível de escolaridade também é um fator importante nos gastos com eletrodomésticos. Pessoas sem instrução ou apenas com nível fundamental chegam a usar 19% do total gasto com cultura para este fim. Esse percentual cai para 13,1% para quem tem nível superior. Os resultados se invertem quando a questão é TV por assinatura e internet, que ainda parece distante para a parcela mais pobre da população. Enquanto os mais ricos chegam a gastar 9,5% do seu orçamento de cultura com internet, os mais pobres gastam apenas 3,7%, quase três vezes menos.

Não se pode desprezar também o fato de que o brasileiro tem ido mais a festas e participado mais de atividades de lazer. Uma importante parcela de 14,1% dos gastos com culturas são destinados a esse fim. Aniversário e casamentos (6%) encabeçam a lista de preferências, enquanto teatro, museus e shows ficam com índices bem ruins(0,6% em média). 

Outra parte que chama atenção é o gasto com cultura quando se leva em conta a existência ou não de pessoas com nível superior. Nas famílias em que ninguém tem nível superior os gastos com cultura ficam em média em R$ 105,88. Com uma pessoa de nível superior em casa, esses gastos mais que dobram: R$ 331,24. Com duas ou mais pessoas com curso superior, o resultado fica ainda maior: R$ 615,30.

Em relação à despesa média com cultura por cor ou raça, o estudo mostra que os brancos gastam quase o dobro que negros e pardos com cultura: R$ 237,81 em média contra R$ 125,66 e R$ 130,11. No percentual de acesso à compra de eletrodomésticos os brancos destinam 14,4% para esse fim contra 18,4% dos pretos e 18% dos pardos. Isso indica que as pessoas estão tendo mais acesso a comprar esses produtos e destinam mais dinheiro a isso também. Já os brancos gastam mais com serviços de internet (7,5%) do que pretos (4,7%) e pardos (5,1%).

Comércio aquecido
Com o brasileiro comprando mais, aquece o setor de serviços, que já detém a maior fatia do setor: com 55,5% do mercado, contra 39,7% de comércio e apenas 4,8% de indústria. A pesquisa destaca o aumento do comércio de equipamentos de informática e comunicação, como computadores, tablets e celulares, de 40,6% para 44,7% em 2010. Essa tendência leva abaixo o mercado de livros, jornais, revistas e papelaria, que caiu 6% de 2007 a 2010, deixando claro que brasileiro está entrando na era digital e abandonando meios tradicionais de informação como jornais e revistas físicas.

E com a ampliação do setor de serviços, aumenta também o mercado de trabalho na rede varejista para equipamentos e produtos de tecnologia e informação. Um crescimento de mais de 3% em relação a 2007. Mas, apesar de a receita liquida do setor cultural ter aumentado em números absolutos (de 286 milhões em 2007 para 374 milhões em 2010), em termos de participação no mercado a cultura caiu de 8,9% para 8,3% em 2010. As quedas se devem à melhora de índices em outros setores da economia, mais do que uma perda direta do setor. Isso se vê no aumento da receita liquida de vendas de aparelhos de áudio e vídeo, que tiveram um importante aumento de 13% nos anos pesquisados. Já a receita de fabricantes de telefones e aparelhos de comunicação caiu 16,5%, o que pode denotar um maior interesse do consumidor nacional em produtos fabricados fora do país, mais precisamente no que se refere a aparelhos celulares.  

Do Terra