Brasileiros preenchem 92% das vagas do programa Mais Médicos
Programa atrai cada vez mais profissionais brasileiros; 90% dos participantes o recomendam para seus colegas, conforme pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais
O programa federal Mais Médicos tem atraído cada vez mais profissionais brasileiros. Das novas vagas abertas em janeiro, para assegurar profissionais para 1.500 municípios, sendo 424 que ainda não tinham aderido, 92% foram preenchidas por médicos brasileiros, inscritos em Conselhos Regionais de Medicina de todo o país.
Dados divulgados hoje (9) pelo Ministério da Saúde mostram que 3.155 brasileiros foram alocados nas duas primeiras chamadas em 1.106 municípios e dois distritos sanitários especiais indígenas (DSEIs). No total, 3.880 vagas são ocupadas por médicos brasileiros em 1.208 municípios e seis DSEIs. Na terceira chamada, 675 brasileiros foram para 402 municípios e três DSEIs.
O aumento da adesão dos brasileiros pode ser explicado pela chamada propaganda boca a boca. Uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que em novembro passado ouviu 391 médicos do programa em municípios das cinco regiões, aponta que 93% deles afirmaram estar satisfeito ou muito satisfeito em estarem participando. Tanto que 90% chegaram a recomendar a participação a colegas.
Outro dado positivo da pesquisa da UFMG é que, em média, os médicos atribuíram nota 9,3 à supervisão do trabalho pelas universidades parceiras. A totalidade dos entrevistados afirmou ter sido muito bem recebida pelas comunidades atendidas.
“A ampliação da participação de médicos brasileiros, mais da metade deles com experiência anterior em atenção básica, na saúde da família, na prevenção, demonstra a consolidação do programa”, disse o ministro da Saúde, Arthur Chioro, durante entrevista coletiva.
Dos médicos em atividade, 3.155 são das duas primeiras chamadas e chegaram às cidades em março. Os outros 675 foram alocados na terceira seleção. Esses profissionais começaram a se apresentar no início desta semana e os gestores locais têm até esta quinta-feira para homologar a presença deles em 402 municípios.
O Nordeste foi a região que mais atraiu profissionais: das 1.799 vagas abertas, 1.726 (95%) já foram preenchidas. O Sudeste ocupou 975 (95%), das 1.022, seguido do Centro-Oeste, que preencheu 370 (93%) das 396 vagas. O Sul atraiu médicos para 476 (91%) das 520 abertas, e o Norte ocupou 283 (69%) vagas das 409 oportunidades.
Os distritos indígenas já ocuparam 13 (37%) das 35 vagas. De todos os estados, 20 já preencheram mais de 90% das vagas, sendo que o Amapá, o Distrito Federal e Sergipe preencheram todas. O Amazonas foi o estado com menor percentual de ocupação por candidatos com CRM brasileiro (60%).
O dado relativo ao Amazonas, de acordo com o ministro Chioro, não deve ser subestimado. “É um dado positivo, levando-se em conta as dificuldades de acesso sobretudo nas regiões ribeirinhas”, disse.
A expectativa, segundo ele, é que as 286 vagas em aberto em 197 municípios e nove DSEIs sejam preenchidas por brasileiros formados em faculdades do exterior. “Com isso, esperamos nem chegar à quarta etapa no processo de provimento das vagas, que é a assinatura de convênio com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) para contratação de médicos de Cuba.”
Chioro considera que as mudanças do novo edital contribuíram para atrair mais médicos brasileiros. Desde janeiro, o profissional pode escolher se fica três anos no local determinado pelo governo, durante o Mais Médicos, ou se fica um ano e ganha 10% de bônus na nota de uma eventual prova de residência.
O ministro ressaltou ainda a importância da atuação na atenção básica para a formação profissional. “Mesmo que vier a ser um cardiologista, um ortopedista, terá ainda essa experiência. Em outros países, como no Reino Unido, a medicina de família é uma especialização de prestígio, e o profissional é tão qualificado como aquele com atuação hospitalar. Afinal, com sua ampla visão da medicina, é capaz de resolver 80% dos problemas”.
Para ele, com o aumento do interesse dos médicos brasileiros, o programa entra numa nova fase, “alvissareira e interessante”, que o qualifica ainda mais. “É uma resposta de que o programa criado em 2013 já começa a alcançar seus objetivos de levar atendimento médico ao interior do país e garantir atendimento às populações mais vulneráveis”, disse.
“No início, o Mais Médicos enfrentou uma grande disputa ideológica; foi muito criticado. Mas hoje não é mais o ministério que está fazendo sua defesa. É o médico participante, que está recomendando a participação para o colega”, afirmou Chioro.
Da Rede Brasil Atual