´Busca pelo Contrato Coletivo mostra evolução´, diz Lula
Ex-presidente afirmou que metalúrgicos evoluíram, mas destacou que na era das novas tecnologias e da internet é necessário acompanhar as mudanças do mundo do trabalho
Abertura da Conferência Nacional de Negociação Coletiva Metalúrgica. Foto: Paulo de Souza / SMABC
Quarenta minutos de discurso e mais vinte para atender pedidos de foto dos 180 metalúrgicos bancários, químicos e petroleiros de todos os cantos do País.
Esse foi o roteiro seguido pelo ex-presidente Lula, convidado de honra da Conferência Nacional de Negociação Coletiva Metalúrgica, aberta nesta terça-feira (6), na sede da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM-CUT), em São Bernardo.
“A busca pelo contrato coletivo de trabalho nacional para acabar com as desigualdades salariais para metalúrgicos em uma mesma função mostra como a categoria evoluiu nas últimas décadas”, afirmou.
“No passado a gente brigava muito para conquistar espaço para fazer greve, quebrava cadeado no portão para entrar na fábrica, xingava todo mundo que via pela frente”, recordou.
“Hoje a coisa mudou e a evolução é tanta que os companheiros quando querem fazer uma paralisação chamam a representação e param aquele setor específico”, completou Lula.
Lula junto a prefeitos eleitos do ABC e dirigentes do Sindicato, da CNM e FEM-CUT. Foto: Paulo de Souza / SMABC
Criatividade
Ele acredita que para continuar evoluindo, os trabalhadores de hoje precisam pensar diferente. “Estamos na era das novas tecnologias, da internet, por isso o sindicalista de hoje precisa ser criativo, pensar mais, estudar mais”, disse, e depois deu um exemplo.
“Quando me formei torneiro mecânico, há muitas décadas, achava que aquele trabalho era quase de um artesão, de colocar um pedaço de aço na máquina e transformar ele em uma peça. Hoje uma máquina faz quase tudo isso sozinha”, explicou.
“Essa mudança precisa significar melhoria também para os trabalhadores”, complementou.
Para que isto aconteça, o ex-presidente incentivou os sindicalistas a divulgarem mais suas conquistas e fazerem com que outras categorias as usem como exemplo.
“Aqui eu vejo metalúrgicos, bancários, químicos e petroleiros juntos trocando experiências para construção de um modelo de contrato coletivo para os metalúrgicos e isso é muito bom”, observou.
Lula defendeu ainda que a CNM-CUT procure o governo federal para conversar e aproveitar o espaço aberto aos trabalhadores com a presidenta Dilma e o ministro Gilberto Carvalho.
“Não joguem fora essa oportunidade histórica de diálogo”, finalizou.
Ex-presidente recebe prêmio Nelson Mandela de Direitos Humanos. Foto: Paulo de Souza / SMABC
Premiação
Após seu discurso, o ex-presidente recebeu o prêmio Nelson Mandela, concedido pelo sindicato dos trabalhadores em montadoras no Canadá, o Canadian Auto Workers (CAW).
A premiação é dada a pessoas e entidades comprometidas com a defesa dos direitos humanos no mundo. Como o ex-presidente não pôde ir ao Canadá para recebê-la, o troféu foi enviado por duas dirigentes da CNM-CUT participaram de atividades naquele país.
Definição da pauta do contrato coletivo nesta quarta
Ainda nesta terça, os sindicalistas se dividiram em mesas de debate em grupo para discussão de temas específicos, como salário e remuneração, condições e relações de trabalho, relações sindicais, normas específicas das profissões, gestão e participação.
Os dirigentes metalúrgicos também conheceram as experiências de contrato coletivo de outras categorias, como os químicos, petroleiros e bancários e avaliaram convenções coletivas de metalúrgicos de 14 estados do País, de todas as cinco regiões brasileiras.
Nesta quarta-feira, o Encontro termina com a construção de uma pauta de contrato coletivo nacional, que será apresentada e votada ao final do evento.
Da Redação