BYD antecipa importações de carros elétricos e pressiona mercado brasileiro às vésperas de tarifaço

A montadora chinesa BYD realizou, em fevereiro de 2025, a importação de aproximadamente 5.500 veículos elétricos e híbridos para o Brasil, por meio do navio BYD Explorer 01, especializado no transporte automotivo. Esta é a segunda operação desse tipo realizada pela empresa, que adotou estratégia semelhante em abril de 2024. A movimentação ocorre em meio à elevação gradual das alíquotas de importação sobre veículos eletrificados, implementada pelo governo federal desde janeiro de 2024.

Com o novo aumento previsto para julho de 2025, os tributos sobre veículos elétricos e híbridos passarão por reajuste: a alíquota para veículos 100% elétricos subirá de 18% para 25%, híbridos plenos passarão de 25% para 30%, e híbridos do tipo plug-in (PHEV) de 20% para 28%. O plano do governo prevê que a tarifa plena de 35% incida sobre todos os modelos a partir de julho de 2026. A medida tem como objetivo incentivar a instalação e expansão da produção local de veículos eletrificados.

A antecipação das importações por parte da BYD gerou reações de entidades do setor automotivo, a Anfavea. A Receita Federal, no entanto, afirmou que a conduta da montadora chinesa está em conformidade com a legislação vigente. A BYD, por sua vez, reiterou seu compromisso com o mercado brasileiro. Em nota oficial, a empresa afirmou que pretende iniciar ainda em 2025 a produção local de veículos na fábrica instalada em Camaçari (BA), nas antigas instalações da Ford.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) não comentou até o momento se pretende rever o cronograma de reajustes das alíquotas. Além da BYD, outras empresas asiáticas vêm ampliando sua atuação no mercado brasileiro de veículos eletrificados, tanto por meio de importações quanto por anúncios de instalação de fábricas. Especialistas do setor afirmam que a definição de regras claras para importação, produção local e incentivos à pesquisa e desenvolvimento será determinante para o equilíbrio entre competitividade e proteção da indústria nacional.

Do O Cafezinho