Caças suecos vão gerar 1,2 mil empregos só no ABC

Em todo o País serão 28 mil postos de trabalho, caso o governo federal escolha o projeto Gripen para renovar sua frota aérea

Caso o governo federal escolha o caça sueco Gripen para renovar a frota da Força Aérea Brasileira, mais de 6 mil empregos diretos e 22 mil indiretos serão criados no Brasil. Os números constam da declaração de apoio assinada na manhã desta segunda-feira, dia 5, pelos presidentes dos sindicatos dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre; Metalúrgicos da Suécia (If Metall), Stefan Löfven, e da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM-CUT), Carlos Alberto Grana. O documento, que será encaminhado ao presidente Lula, oficializa o apoio desses dirigentes sindicais ao Projeto Gripen, da indústria sueca Saab.

A estimativa é de que do total de empregos a serem gerados, em torno de 300 diretos e outros 900 indiretos sejam criados na região do ABC, segundo Sérgio Nobre. Na coletiva concedida à imprensa pelos sindicalistas, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC destacou, porém, que a geração de postos de trabalho é apenas uma dos várias vantagens oferecidas pela empresa sueca, que disputa com a americana Boeing (F-18 Super Hornet) e a francesa Dassault (Rafale) contrato para fornecer 36 aviões supersônicos ao Brasil.

Para Nobre, o principal destaque do Projeto Gripen é a possibilidade da negociação de um acordo entre as partes (empresa, cadeia produtiva e sindicatos envolvidos) que vai se tornar nova referência mundial para as relações de trabalho. “A escolha do Projeto Gripen significará não somente mais empregos de qualidade para o País e a Região, mas principalmente um avanço histórico nas relações capital-trabalho, além de investimentos em alta tecnologia”, afirmou Sérgio Nobre.

Presente à coletiva, o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), que também apoia o Projeto Gripen, elogiou a iniciativa do Sindicato e da CNM de defender os caças suecos e afirmou que o contrato com a Saab poderá render 140 milhões de euros em investimentos no município. “Não entendo desse setor, mas ouvi pessoalmente de quem mais entende do assunto no Brasil (a FAB), que os caças Gripen são a melhor opção em preço e todos os demais itens”, disse Marinho.

O presidente da CNM, Carlos Alberto Grana, disse que as outras duas empresas que disputam o contrato não procuraram o movimento sindical para apresentar seus projetos, como fez a Saab. “O projeto Gripen assume compromissos sociais que se tornarão um marco internacional de respeito às normas trabalhistas e à OIT (Organização Internacional do Trabalho), como a garantia de organização sindical nas fábricas que vão produzir os caças no Brasil e na Suécia”, disse Grana.

Representante do maior sindicato de metalúrgicos da Suécia, Stefan Löfven destacou que o mais importante do contrato é a parceria de longo prazo que será estabelecida entre os sindicatos dos dois países e a Saab. “Com o projeto Gripen, o Brasil passará a ser o 7° país do mundo a desenvolver essa aeronave (além dos cinco países-membros do Conselho de Segurança da ONU e a Suécia)”, disse Löfven, ao destacar que na Suécia, os sindicatos têm assento na direção da empresa.


Stefan Löfven, Luiz Marinho, Carlos Grana e Sérgio Nobre apresentam declaração de apoio à escolha do caça sueco

PARA ENTENDER O APOIO

O Projeto Gripen conquistou o apoio do movimento sindical e do prefeito Luiz Marinho após a Saab, empresa sueca que fabrica os caças, anunciar que o contrato prevê parceria, geração de empregos, investimentos e transferência de tecnologia ao Brasil. Marinho chegou a viajar, em março passado, para a Suécia onde conheceu o projeto.

Saab (Gripen), Boeing (F-18 Super Hornet) e Dassault (Rafale) disputam o contrato para fornecer 36 aviões supersônicos ao Brasil – que há cinco décadas não investe um centavo em defesa das suas fronteiras. O Projeto Gripen teria sido o mais bem avaliado (e aprovado) pela FAB em parecer que baseado também nas avaliações técnicas e jurídicas do Ministério da Defesa. O  ministro Nelson Jobim deverá apresentar ao presidente Lula, ainda este mês, o relatório que vai apontar a melhor opção. A decisão final caberá a Lula.

A proposta da Saab prevê 100% de transferência de tecnologia e total financiamento pelo governo sueco. Também garante que 40% do desenvolvimento da aeronave será de responsabilidade da indústria brasileira, que terá ainda acesso e total participação nos 60% das atividades restantes.

O contrato com a Saab afirma que 80% da célula da aeronave sejam produzidos no Brasil. Para isso, está incluída a instalação de uma linha de montagem completa no País capaz de garantir a manutenção e reparo dos caças, incluindo os motores. A Saab também anunciou que vai oferecer ao governo brasileiro direitos exclusivos de venda do Gripen à América Latina e “oportunidades conjuntas” para o restante do mundo.