Cadeias de componentes em desalinho
Para além dos problemas com a pandemia, a indústria automotiva global enfrenta outro desafio: a falta de componentes, especialmente semicondutores. Item fundamental na montagem dos veículos, cada vez mais integrados pela eletrônica embarcada presente na motorização, direção elétrica, injeção eletrônica, freios ABS e outros subsistemas. Segundo algumas consultorias, a tecnologia embarcada representa atualmente cerca de 40% dos custos de um veículo.
A justificativa para a falta desses componentes, produzidos principalmente no continente asiático, está relacionada ao início da pandemia. Com as fábricas paradas, os pedidos foram suspensos, ao mesmo tempo que se elevou a demanda por computadores, laptops e celulares, com a venda e produção de semicondutores sendo redirecionada.
No Brasil, importamos a maioria desses itens e, quando se trata dos chips microeletrônicos, trazemos do exterior 100% do que precisamos. Nesse cenário, a montagem final dos veículos fica inviável. A General Motors em Gravataí (RS) está parada desde março e só deve retomar sua produção em junho, e a Anfavea declara que podemos ter mais paralisações nas próximas semanas.
A indústria automotiva caminha para modelos ainda mais dependentes da eletrônica embarcada ao longo dos próximos anos, inclusive pela perspectiva crescente dos veículos elétricos.
A exemplo dos problemas enfrentados desde o início da pandemia pela quase destruição do nosso complexo industrial da saúde e dependência absoluta de insumos e fármacos importados, esse episódio acende um gigantesco alerta para evitarmos que esse mesmo erro prossiga como uma marca do nosso setor automotivo.
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