Câmara Municipal homenageia presidente do Sindicato como cidadão de São Bernardo

Cerimônia reuniu trabalhadores, dirigentes, familiares e lideranças políticas em noite de emoção e reconhecimento à trajetória de luta de Moisés Selerges

Foto: Adonis Guerra

Na última sexta-feira, 29, o presidente dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, recebeu da Câmara Municipal de São Bernardo o título de cidadão são-bernardense. A honraria, proposta pela presidenta do parlamento, vereadora Ana Nice, ex-metalúrgica no Grupo SEB/Panex e ex-diretora do Sindicato, lotou o plenário e se transformou em um grande ato político, carregado de emoção e simbolismo.

A cena traduzia a força de uma trajetória que nasceu no chão de fábrica e se consolidou na luta coletiva. Entre aplausos, falas emocionadas e abraços de antigos companheiros, a noite foi marcada pelo sentimento de que a homenagem não se restringia a um dirigente, mas à própria categoria metalúrgica, que há décadas escreve páginas decisivas da história de São Bernardo, do ABC e de todo o país.

Homenagem coletiva

Foto: Adonis Guerra

Em seu discurso, Moisés deixou claro que recebia o título não como conquista individual, mas como expressão do reconhecimento a uma trajetória construída a muitas mãos. “Recebo com imensa alegria esta homenagem da cidade onde vivo, que abriga um dos sindicatos mais importantes do Brasil e tem sua história marcada por lutas e conquistas. Não considero este reconhecimento apenas pessoal, mas como uma homenagem aos Metalúrgicos do ABC. Estendo este título a toda a direção do Sindicato e a cada trabalhador e trabalhadora que, todos os dias, constroem esta história coletiva”, afirmou.

Ele reforçou que o verdadeiro sentido das homenagens está nos frutos da luta. “A maior homenagem que podemos receber é ver os resultados do nosso trabalho, quando conquistamos direitos, quando garantimos dignidade para o povo trabalhador, quando conseguimos transformar a vida de pessoas comuns em vidas melhores. Essa é a homenagem que não se apaga e que permanecerá para as próximas gerações”.

Ao relembrar sua trajetória profissional, fez questão de destacar a fábrica onde iniciou sua militância. “A Mercedes foi minha escola e minha casa profissional por quatro décadas. Sou grato a cada companheiro e companheira que dividiu comigo jornadas de trabalho, debates e enfrentamentos. Foi ali que aprendi que a luta coletiva é o caminho”.

Moisés também reafirmou sua militância política. “Sempre digo que a verdadeira revolução é transformar a vida das pessoas com emprego, comida e moradia. Isso, sim, é revolucionário. Tenho orgulho de seguir essa caminhada no Partido dos Trabalhadores, ao lado de tantas outras pessoas que acreditam em um Brasil mais justo”.

Reconhecimento da Câmara

Foto: Adonis Guerra

A vereadora Ana Nice não conteve a emoção ao entregar o título. “É uma honra imensa entregar esta homenagem ao companheiro Moisés. Conheci sua liderança ainda na época em que entrei para o Comitê Sindical de Empresa na Panex. Em uma visita à Mercedes, vi sua capacidade de análise, o conhecimento profundo sobre o Sindicato e a conjuntura política. Ali percebi o líder que ele já era e que, ao longo dos anos, só confirmou sua grandeza”.

Ela lembrou que nomes históricos como Lula e Paulo Freire já receberam a mesma honraria, o que torna a homenagem a Moisés ainda mais significativa. “Moisés merece estar entre esses nomes. Sua contribuição ultrapassa os limites da fábrica e se projeta nas discussões sobre políticas públicas, desenvolvimento econômico, democracia e justiça social. É justo que São Bernardo reconheça esse legado”.

Para Ana, homenagear Moisés é também reafirmar o papel social do Sindicato. “Os Metalúrgicos do ABC não se limitam à defesa da categoria. São referência em educação, formação e transformação social. Reconhecer Moisés é reconhecer esse projeto coletivo que resiste, educa e transforma”.

Lideranças

Foto: Adonis Guerra

As falas das lideranças presentes mostraram a dimensão da trajetória de Moisés, revelando o dirigente, o militante e o ser humano. O ex-dirigente Tarcísio Secoli, companheiro de luta desde os tempos de Mercedes, destacou: “Conheço o Moisés desde 1989, quando foi eleito para a Comissão de Fábrica na montadora. Cresceu com humildade, dedicação e firmeza. Foi fundamental para resgatar o protagonismo da categoria e recolocar o trabalho de base em destaque. Hoje, é respeitado dentro e fora do Brasil por sua capacidade de representar a classe trabalhadora”.

Foto: Adonis Guerra

O dirigente licenciado Aroaldo Oliveira da Silva, presidente da IndustriALL-Brasil e da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, falou em tom emocionado. “Moisés é mais que dirigente, é amigo e irmão de muitas jornadas. Tem uma capacidade rara de ouvir, acolher e construir coletivamente. Essa humanidade o torna referência não só na luta sindical, mas também como ser humano que inspira todos ao redor”.

Foto: Adonis Guerra

Já para a companheira de luta do Sindicato, Maria Socorro Morais, a Socorrinho, Moisés nunca se afastou dos trabalhadores. “É o presidente que vai às portas de fábrica nas madrugadas frias, que entrega a Tribuna Metalúrgica em mãos, que escuta e responde. Sempre espalhou coragem e esperança, mesmo nos momentos mais difíceis. Esse é o verdadeiro sentido de ser companheiro”.

Foto: Adonis Guerra

O ex-dirigente Antônio Ribeiro dos Santos, o Tonhão, relembrou o lado fraterno da convivência. “Moisés é meu irmão de vida. Dividimos alojamentos e preocupações. Nunca abandonou a luta, nunca deixou os amigos para trás. Sempre esteve presente nas causas sociais, na luta contra o racismo, unindo pessoas em torno de um projeto coletivo”.

O deputado estadual Luiz Fernando (PT) declarou sua admiração. “Aprendi a admirar a liderança do Moisés, porque ser líder é um processo muito complexo. Hoje ele é respeitado aqui e fora, além de ser muito ouvido pelo presidente Lula”.

O deputado estadual Teonilio Barba (PT) destacou o alto desafio do cargo. “Todos os depoimentos feitos aqui são dignos daquilo que o Moisés representa para liderar a nossa categoria. Tem que olhar para as fábricas grandes, olhar para as pequenas, não é uma tarefa fácil”.