Caminhada abre Fórum Social Mundial em Belém
A cerimônia com atabaques africanos e cantos indígenas simbolizará a passagem entre a última edição centralizada do FSM em 2007, em Nairóbi (Quênia), e a atual, na Amazônia
Uma caminhada pelas ruas de Belém vai abrir o Fórum Social Mundial (FSM), que começa nesta terça-feira (27) e vai até domingo (1°) na capital paraense. Na abertura, uma cerimônia com atabaques africanos e cantos indígenas simbolizará a passagem entre a última edição centralizada do FSM em 2007, em Nairóbi (Quênia), e a atual, na Amazônia.
A organização espera reunir 100 mil pessoas na caminhada. O percurso, de cerca de quatro quilômetros, parte do cais do porto, na Baía do Guajará, e inclui algumas das avenidas mais importantes e movimentadas de Belém até a Praça do Operário. Parte das vias de acesso já está interditada e um palco foi montado no local.
Durante o trajeto, movimentos sociais e organizações da sociedade civil deverão fazer protestos e manifestações, como a apresentação de uma bandeira palestina de mais de três metros em defesa dos civis da Faixa de Gaza, em conflito com Israel. Partidos políticos, movimento sociais, entidades sindicalistas e estudantis e organizações ambientalistas também deverão levar suas bandeiras para a marcha.
A romaria dos movimentos sociais vai terminar em festa. De acordo com a organização, o palco vai receber apresentações culturais de diversas etnias indígenas do continente sul-americano. O policiamento vai ser reforçado por homens da Força Nacional de Segurança, que estão em Belém há mais de uma semana.
Até domingo, a organização do FSM espera reunir até 120 mil pessoas de 150 países. Estão previstas mais de 2,4 mil atividades nas universidades Federal do Pará (UFPA) e Federal Rural da Amazônia (Ufra), onde o fórum será realizado.
Conheça os dez objetivos para orientar as ações do 9º Fórum Social Mundial
As diversas atividades auto-gestionadas do FSM serão realizadas em torno dos 10 objetivos a seguir, propostas das organizações, grupos de organizações e redes durantes o processo de registro para o evento.
Os objetivos foram estabelecidos depois de uma ampla consulta pública de diversas organizações e entidades que participam no processo do FSM.
1 – Pela construção de um mundo de paz, justiça, ética e respeito às espiritualidades diversas, livre de armas, especialmente as nucleares;
2 – Pela Liberação do mundo do domínio do capitalismo, as multinacionais, a dominação imperialista, patriarcal, colonial e neo-colonial e de sistemas desiguais de comércio, através do cancelamento da dívida externa dos países mais desfavorecidos;
3 – Pelo acesso universal e sustentável dos bens comuns da humanidade e da natureza, pela conservação do nosso planeta e seus recursos, especialmente da água, os bosques e os recursos de energias renováveis;
4 – Pela democratização e independência do conhecimento, a cultura e a comunicação e pela criação de um sistema compartido de conhecimento e habilidades através do desmantelamento dos direitos de propriedade intelectual;
5 – Pela dignidade, diversidade e garantia da igualdade de gênero, raça, etnia, geração, orientação sexual e a eliminação de todas as formas de discriminação e de castas (discriminação baseada na descendência);
6 – Pela garantia (ao largo da vida de todas as pessoas) dos direitos econômicos, sociais, humanos, culturais e ambientais, especialmente os direitos a alimentação, a saúde, a educação, à vida, ao emprego e trabalho digno, a comunicação, a segurança alimentar e à soberania;
7 – Pela construção de uma ordem mundial baseada na soberania, na autodeterminação e os direitos dos povos, incluindo as minorias e os imigrantes;
8 – Pela construção de uma economia democrática, de emancipação, sustentável e solidária, centrada em todos os povos e baseada no comércio justo e ético;
9 – Pela construção e ampliação de estruturas e instituições políticas, econômicas e democráticas em nível local, nacional e global, com a participação do povo nas decisões e o controle dos assuntos e recursos públicos;
10 – Pela defesa do meio-ambiente (a Amazônia e os demais ecossistemas) como fonte de vida do planeta Terra e pelos primeiros povoadores do mundo que exigem seus próprios territórios, idiomas, culturas e identidades, justiça ambiental, espiritualidade e direito à vida.
Da Agência Brasil