Campanha eleitoral começa hoje e trabalhadores são chamados a acompanhar

Confira entrevista com o presidente do Sindicato, Moisés Selerges, sobre o que está em jogo e a importância de se discutir política

Foto: Adonis Guerra

Hoje, 16 de agosto, começa oficialmente a campanha eleitoral. Este ano, além de presidente da República, serão eleitos deputados federais, estaduais, senadores e governadores. O primeiro turno será em 2 de outubro. Já o segundo, em 30 de outubro, caso nenhum dos candidatos a presidente alcance a maioria absoluta dos votos válidos (excluídos brancos e nulos). O mesmo ocorre nas disputas para o cargo de governador.

O presidente do Sindicato, Moisés Selerges, chama a atenção para a necessidade de a classe trabalhadora se envolver de fato no processo eleitoral, conhecendo os candidatos, suas propostas e seu compromisso com as pautas dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Segundo levantamento do DIAP (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), quase metade do Congresso Nacional (49,6%) votou contra os interesses dos trabalhadores (confira, no site do Sindicato, matéria sobre como votou cada parlamentar).

Tribuna Metalúrgica – A campanha eleitoral começa hoje. Por que os trabalhadores devem acompanhar o processo?

Moisés – Nós trabalhadores temos que acompanhar o processo eleitoral de uma maneira bem próxima. Quem tem sido prejudicado nos últimos anos com reforma da Previdência, reforma Trabalhista e retirada de direitos são os trabalhadores.

O desemprego está num número elevado, as pessoas estão passando fome, nós trabalhadores temos que nos atentar aos projetos dos candidatos que representem as nossas pautas de reivindicações.

Que possamos olhar com bastante calma quais candidatos têm compromisso com a classe trabalhadora. Por isso, temos que nos envolver e estar atentos.

TM – Tem pessoas que dizem que não gostam de política e não querem se envolver. O que a política representa?

Moisés – Muitas vezes os trabalhadores não querem se meter com política, mas é a política que determina o futuro de todos e todas. É a política que vai retirar ou trazer direitos e conquistas.

Os trabalhadores têm que se envolver de forma direta com as eleições. Não é achar que todo mundo é igual, que política não é para ser discutida, política é sim para ser discutida. Tem que fazer parte nas rodinhas de conversa nas fábricas, na comunidade, nos botecos, na igreja, tem que se discutir os temas e olhar quais as propostas de cada candidato.

Foto: Divulgação

TM – Além de presidente da República, teremos eleições para governador, senador, deputado federal e deputado estadual. No que prestar atenção?

Moisés – Vamos estar atentos a todas as questões, qual deputado, senador, qual o melhor governo, tudo pensando no sentido de olhar os candidatos que têm compromisso de fato com a classe trabalhadora. De novo, é a isso que temos que nos atentar, já que a eleição acaba em outubro. Não adianta depois que passar, se o trabalhador sair prejudicado, se arrepender, porque já passou.

TM – A democracia tem sido constantemente atacada, assim como o sistema eleitoral brasileiro. Por que defender a democracia?

Moisés – Além de ser o momento de discutir política, acima de tudo, temos de garantir a democracia no nosso país, que tem sido muito ameaçada nos últimos tempos. Porque se não houver democracia, não tem como os trabalhadores reivindicarem direitos nem lutarem por uma sociedade melhor e mais justa.

TM – Qual o papel da classe trabalhadora?

Moisés – Temos que olhar para a questão da indústria, que era mais relevante no Brasil e hoje não é mais. Temos que ter políticas para a educação, saúde, moradia, saneamento básico.

Os trabalhadores aqui no ABC, em especial, são grandes atores das transformações no país, seja na luta contra a ditadura, seja no Sindicato através de propostas, então somos protagonistas da história e teremos que ser mais uma vez.