Campanha Salarial: Aumento real é maior que a inflação

9% já estão garantidos para os companheiros nos Grupos 3, 8 e Fundição. No sábado (11) tem assembleia no Sindicato, compareça!

Pela primeira vez na história, os metalúrgicos do ABC conquistaram um aumento real maior que a inflação em uma Campanha Salarial.

A inflação na data base fechou em 4,29% conforme divulgou ontem o IBGE. Portanto, o aumento real é de 4,52%. Ele é a diferença da inflação para os 9% aprovados na assembleia de sábado (veja abaixo como fazer a conta). 

“É uma conquista inédita e que nunca aconteceu em qualquer Campanha Salarial”, comemorou ontem o presidente do Sindicato, Sérgio Nobre. “O objetivo é conquistar o mesmo índice para todos os metalúrgicos”, afirmou. De 2003 até agora, a categoria conquistou 23,08% de aumento real.

Os 9% já estão garantidos para os companheiros companheiras nos Grupos 3, 8 e Fundição.

Outras reivindicações
A combinação entre mobilização, inflação sob controle e produção em alta resultaram neste feito histórico que abre novas perspectivas para as próximas Campanhas Salariais, como acordos de maior prazo de validade.

“Ao contrário da época em que a inflação alta obrigava nossas Campanhas apenas a recompor o poder de compra dos salários, agora podemos discutir aumento real atrelado à produtividade e avançar em outras reivindicações”, defendeu Sérgio Nobre.

A matemática do reajuste
Para chegar aos 9%, a regra é essa:1.0429 (inflação) x 1.0452 (aumento real) = 9%

Índice emperra negociação com montadoras
As negociações desta quinta-feira com as montadoras permaneceram na estaca zero. Elas não querem nem falar de aumento real igual ao fechado com os demais grupos.

“As negociações estão difíceis e ruins por que elas não aceitam um aumento real tão grande”, comentou Sérgio Nobre.

“Nesta sexta-feira está prevista mais uma rodada de negociação e sábado tem assembléia. Temos que manter a mobilização e os trabalhadores nos setores sem acordo devem comparecer em massa no Sindicato”, finalizou o presidente do Sindicato.

Empresas insistem no teto. E menor
Além da intransigência em relação ao aumento real, as montadoras insistem não só em manter o teto para reajustes como querem um valor menor.

A proposta indecente foi apresentada ontem e limita a aplicação do reajuste a um valor equivalente ao maior salário do horista.

“É a discriminação da discriminação”, protestou Simone Vieira, do CSE na Ford e da Comissão dos Metalúrgicos Mensalistas.

Por acordos melhores em outras bases
As montadoras também argumentam para negar os 9% que os salários dos metalúrgicos do ABC são maiores que dos metalúrgicos de outras bases.

“É importante que estes companheiros tenham acordos melhores que os nossos para seus salários se igualarem aos dos metalúrgicos do ABC”, disse Sérgio Nobre.

Ele explicou que salários menores em outras regiões trazem problemas para o ABC. Criam entraves na negociação e fazem as fábricas pensarem duas vezes antes de tomar a decisão de investimento, por exemplo.

“Nossa luta é para que todos tenham tratamento igual. Se o preço dos produtos é nacional, o salário tem de ser igual”, afirmou o presidente do Sindicato, para lembrar da campanha da CNM-CUT pelo contrato coletivo nacional, uma espécie de acordo para todos os trabalhadores de um mesmo segmento em todo o País.

Veja a disparidade salarial entre o ABC e outras bases:

Mensalistas cruzam os braços na Volks. Paradinha na Ifer
Cerca de dois mil mensalistas na Volks paralisaram as atividades e realizaram uma passeata pela fábrica nesta quinta de manhã. Foi a terceira manifestação promovida pelos metalúrgicos do ABC na semana, todas em protesto contra a falta de proposta das montadoras.

Os trabalhadores pararam às 7h30 e saíram em passeata que cruzou todos os setores da fábrica. O ato terminou às 10h em uma grande assembleia de mobilização no pátio.

Para Ronaldo Souza, diretor do Sindicato, o protesto mostrou à empresa que os mensalistas estão cansados de não terem suas pautas atendidas. “Após essa manifestação, a Volks vai perceber que falávamos a verdade”, disse.

Prontos para a luta
Os companheiros na Ifer, do Grupo 10 em Diadema, também pararam a produção, à tarde, por pouco mais de uma hora. O recado é a disposição para a luta se não votarem uma proposta de acordo na assembleia de amanhã.